[weglot_switcher]

Autores do manifesto contra a espanholização da banca criticam venda do Novo Banco ao Lone Star

Num anúncio de página inteira, publicada em alguns jornais, um grupo de gestores, onde se incluem Alexandre Patrício Gouveia e João Salgueiro, que incluíam o manifesto anti-espanholização da banca, e também nomes como Ângelo Correia, Marco Galinha e Pedro Ferraz da Costa, vêm agora questionar a venda do Novo Banco ao Lone Star e defendem que auditoria deve esclarecer processo de venda.
8 Abril 2019, 15h06

Em 2016 surgiram como autores de manifesto contra o domínio dos bancos espanhóis das instituições financeiras em Portugal, agora manifestam-se contra a reconfiguração da banca em Portugal.

Num anúncio de página inteira, publicada em alguns jornais, um grupo de gestores, onde se incluem Alexandre Patrício Gouveia, João Salgueiro, que incluíam o manifesto anti-espanholização da banca, e também nomes como Ângelo Correia, Marco Galinha e Pedro Ferraz da Costa, vêm agora questionar a venda do Novo Banco ao Lone Star.

Na prática defendem que a auditoria anunciada por Mário Centeno à concessão de créditos que acabaram em malparado e estão cobertos pelo mecanismo de capital contingente, “deve visar o escrutínio do processo que conduziu à venda do Novo Banco à Lone Star e às razões que motivaram que esa venda não tenha integralmente respeitado as regras do Concurso estabelecido no Procedimento de Venda Estratégica do Novo Banco, uma vez que ele estabelece que o processo de venda será conduzido de forma transparente e não discriminatória”, diz o comunicado do conjunto de subscritores.

O grupo composto, entre outros, por João Salgueiro, Alexandre Patrício Gouveia e Pedro Ferraz da Costa diz que “se encontra por esclarecer o facto do Banco de Portugal ter concedido à Lone Star exclusividade nas negociações à data de 18 de fevereiro de 2017, quando estava ainda em fase de negociação com o outro concorrente (a Apollo/Centerbridge) tendo em conta que lhe tinha dado a data de 24 de fevereiro de 2017, como limite para a obtenção das informações necessárias para apresentação das sua proposta. Deste modo, não só os dois candidatos não dispuseram  do mesmo prazo para apresentação das propostas, como não receberam a mesma informação quanto a poderem comprar menos de 100% do Novo Banco, ou quanto a poderem solicitar garantias sobre os ativos problemáticos (imparidades) que, ao contrário do inicialmente afirmado pelo Governo, vieram a ser concedidas e estão agora a concretizar-se com elevados custos para os cidadãos”.

“Encontra-se igualmente por esclarecer a razão que levou o Banco de Portugal a impedir o Millennium BCP de concorrer à compra do Novo Banco, o que pretendia e só podia fazer a partir de 18 de fevereiro de 2017, data em que reembolsou as suas obrigações CoCos e estava em condições de apresentar a sua proposta de compra”, dizem os subscritores da sociedade civil, que são gestores de renome na sociedade portuguesa.

Os autores levantam interrogações “quanto à existência de um acordo prévio para entrega do Novo Banco à Lone Star”.

“Que factos determinam os prejuízos na origem dos montantes pedidos ao Estado e ao Fundo de Resolução?”; “É ou não verdade que o Banco de Portugal tem posto pressão sobre o NB, tendo em vista a rápida alienação dos ativos que não se integram no core business do Novo Banco?”; “Como se explicam as imparidades surgidas em 2017 no Novo Banco, tendo em conta que no período 2014-2017 (após a resolução do BES) o banco esteve sob gestão controlada do Banco de Portugal e Fundo de Resolução; sujeito a auditoria por parte da PwC e sujeito a um Conselho Fiscal designado pelo Banco de Portugal”, questionam os signatários que apontam assim responsabilidades ao supervisor.

Com a finalidade de “esclarecer de forma objetiva e imparcial”, os vários gestores publicaram este comunicado.

Para além de João Salgueiro (o ex-banqueiro e antigo presidente da Associação Portuguesa de Bancos, João Salgueiro), Alexandre Patrício Gouveia, Ângelo Correia, Marco Galinha (dono do Grupo Bel, acionista do Jornal Económico) e Pedro Ferraz da Costa, o comunicado é assinado por Celeste Coimbra; João Miranda; José Ribeiro e Castro; Manuel Ramalhete; Alberto Regueira; António Mocho; Fernando Gomes da Silva; João Sales Henriques; António Mendonça Pinto; Henrique Neto; José António Girão; e Júlio Castro Caldas.

 

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.