Luís Montenegro afirmou esta segunda-feira, na véspera de o Parlamento chumbar a moção de confiança, que avançará “com certeza” como candidato a primeiro-ministro, mesmo que venha a ser constituído arguido no caso relacionado com a sua empresa familiar.
Em entrevista à TVI/CNN, o chefe do Governo sustentou ter “a convicção plena” de que não cometeu “nenhum crime”. Questionado sobre porque razão não se demite para não arrastar todo o Governo para esta crise política, declarou: “Não me demito porque não tenho razão para me demitir”. E assegurou que, no momento em que vir que há razão para cessar funções, não será necessário que alguém lhe “indique a porta”.
O primeiro-ministro reconhece, porém, que a situação “gera dúvidas”, “é bastante desagradável” e diz estar disponível para as esclarecer, embora não reconheça ter sido imprudente ao manter a empresa quando se tornou chefe do Governo. “Creio que não”, respondeu.
Sobre a empresa, que passou só agora a ser totalmente gerida e detida pelos filhos, o primeiro-ministro reafirmou que não foi avençado e garantiu não prestar “serviços políticos confundidos” com as suas relações profissionais antigas”. Luís Montenegro insistiu que “não fez e não faz fretes” e que não tirou “benefício” da empresa familiar, e rejeitou que tivesse trabalhado na Spinumviva durante o exercício das funções de primeiro-ministro. “Acha que tenho tempo, disponibilidade e cabeça”?, questionou, avisando a oposição que “vai ter uma surpresa grande” na comissão parlamentar de inquérito proposta pelo PS.
Montenegro repetiu, nesta entrevista, que a empresa familiar “não tem qualquer interferência” no exercício das suas funções e lamentou que a oposição não esteja disponível para “acatar” quaisquer esclarecimentos que preste. Quanto à moção de confiança, “não faz sentido” retirá-la, disse.
Pouco antes, em entrevista à SIC, o secretário-geral do PS voltou a dizer que rejeitará a moção de confiança, considerando “impensável” fazer diferente daquilo que tem dito. Ao avançar com este instrumento, sabendo de antemão que a oposição o chumbaria, Montenegro não apresentou bem uma moção de confiança, mas sim um “pedido cobarde de demissão”, acusou Pedro Nuno Santos, na véspera do dia em que o Governo cairá.
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