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Azeites de Portugal investe 1,2 milhões para reduzir impacto ambiental e poder retomar laboração no Alentejo

O administrador da AZPO, Nuno Carvalho, revelou que a fábrica já concluiu um investimento de 1,2 milhões de euros para cumprir condições impostas pelo IAPMEI para poder retomar a laboração e aplicar medidas a que se comprometeu por iniciativa própria para “uma melhor laboração e diminuição do impacto ambiental” da sua atividade.
26 Setembro 2018, 01h02

A fábrica AZPO – Azeites de Portugal anunciou esta terça-feira ter investido 1,2 milhões de euros para reduzir o impacto ambiental da atividade e cumprir condições impostas pelo licenciador para poder retomar a laboração, suspensa devido a infrações.

A fabrica que transforma bagaço de azeitona, está situada perto de Fortes, no concelho de Ferreira do Alentejo, distrito de Beja, tem sido acusada de poluir aquela aldeia e está com laboração suspensa desde junho por ordem do IAPMEI – Agência para a Competitividade e Inovação por ter cometido “infrações graves”.

Num encontro com jornalistas, o administrador da AZPO, Nuno Carvalho, revelou que a fábrica já concluiu um investimento de 1,2 milhões de euros para cumprir condições impostas pelo IAPMEI para poder retomar a laboração e aplicar medidas a que se comprometeu por iniciativa própria para “uma melhor laboração e diminuição do impacto ambiental” da sua atividade.

O investimento incluiu a construção de um pavilhão para armazenar o bagaço em pó que resta do processo de secagem e extração de óleo do bagaço líquido que a fábrica recebe dos lagares de azeite e que antes era armazenado a céu aberto.

A construção do pavilhão foi “a única condição imposta pelo IAPMEI”, disse Nuno Carvalho, referindo que a AZPO avançou logo com a obra depois de ter obtido a licença, que tinha sido pedida em julho de 2017, mas “só foi passada” em maio deste ano.

Também foi instalada uma única chaminé, com 40 metros de altura, para substituir as duas que existiam na AZPO, disse, referindo que a nova chaminé, pela elevada altitude, vai permitir uma “melhor dispersão” das emissões da fábrica, que diz serem “vapor de água”, e que são uma das razões de queixa da população de Fortes.

O investimento incluiu ainda a construção de um sistema de transporte interno de bagaço e a substituição do sistema de combustão usado na AZPO, disse, frisando: “Fizemos alterações substanciais à forma de trabalho e tudo aquilo que achamos que devíamos fazer e é correto ser feito”.

Segundo Filipe Pessanha, da AZPO, já está marcada para “início de outubro” uma vistoria para verificar se os trabalhos relativos às condições impostas pelo IAPMEI e aos “compromissos” assumidos pela fábrica “estão ou não efetuados”.

Depois, a AZPO, quando tiver matéria-prima, ou seja, quando começar a próxima campanha de apanha de azeitona e os lagares fornecedores começarem a produzir azeite e a enviar bagaço, irá testar os novos equipamentos e efetuar relatórios de emissões.

“Os relatórios serão entregues [à autoridade competente] e se tudo estiver, como esperamos, de acordo com a lei, obviamente a atividade [da AZPO] será retomada”, disse Filipe Pessanha.

Nuno Carvalho referiu que a AZPO encomendou, a uma empresa credenciada, um estudo para avaliar o impacto das emissões resultantes da laboração da fábrica na qualidade do ar ambiente em Fortes.

Segundo Nuno Carvalho, de acordo com o estudo, baseado em amostras realizadas através de um equipamento instalado no centro da aldeia, entre os dias 23 de maio e 10 de julho deste ano, com a fábrica a laborar e parada, já que a laboração foi suspensa no dia 11 de junho, “há uma boa qualidade do ar” em Fortes.

De acordo com as conclusões do estudo, distribuído aos jornalistas pela AZPO, no ponto avaliado, “a média diária da concentração de PM10” (tipo de partículas inaláveis com diâmetro inferior a 10 micrómetros e que é um elemento de poluição atmosférica) “nunca foi superior ao valor limite diário” definido por lei.

No passado dia 17 de maio, foram entregues, no Ministério Público de Ferreira do Alentejo, cerca de 70 queixas de habitantes de Fortes e de outros cidadãos contra a fábrica, que acusam de poluir a aldeia.

A decisão do IAPMEI foi tomada devido “aos resultados dos relatórios de monitorização dos efluentes gasosos remetidos” pela AZPO no dia 14 de maio e ao pedido feito pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo para suspensão da laboração da fábrica devido a “infrações graves”.

O IAPMEI informou a AZPO de que “não poderá” retomar a laboração “enquanto não for demonstrado o cumprimento de todas as condições impostas” em matéria de emissão de poluentes para a atmosfera de acordo com a lei e na sequência das vistorias “realizadas anteriormente”, disse a fonte.

 

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