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Baganha denuncia à PGR acesso ilegítimos a computadores, furto de documentos e favorecimento ao Benfica

Numa carta enviada à Procuradoria-Geral da República e a que o Jornal Económico teve acesso, o ex-presidente do Instituto Português do Desporto e da Juventude aponta a existência de “factos graves, que eventualmente, consubstanciam ilícitos criminais”.
25 Setembro 2018, 10h01

O ex-presidente do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ) Augusto Baganha escreveu uma carta à procuradora-geral da República a denunciar furto de documentos, acesso ilegítimos a computadores e favorecimento ao Benfica, relativos a 55 autos levantados pela PSP e que foram arquivados.

Na carta, a que o Jornal Económico teve acesso, Baganha aponta “factos graves, que eventualmente, consubstanciam ilícitos criminais graves e que, por essa razão, necessitam urgentemente de ser investigados”, admitindo ainda que estes podem estar relacionados com a sua demissão, bem como de Lídia Praça, que era vogal do conselho diretivo (CD) do IPDJ.

Augusto Baganha relata a “intrusão” no computador de Lídia Praça e um “apagão”, que ocorreu na tarde em que essa intrusão foi detetada, “tendo o Ministério Público declarado: concluído com elevado grau de certeza, do exame ao disco rígido, que o acesso foi presencial”.

O ex-presidente do IPDJ apresentou a denuncia na Polícia Judiciária, que faz atualmente parte do processo e-toupeira.

Na carta, datada de segunda-feira, 24 de setembro, Baganha solicita à PGR a reabertura desta investigação, de modo a serem apurados três pontos: “A quem interessava aceder ilegitimamente ao PC da ex. Vogal Lídia Praça e fazer pesquisas, durante um fim de semana, não autorizadas por si”; “Quantas pessoas podiam aceder ao edifício nesse fim de semana, tendo em consideração que apenas havia três chaves disponíveis”; “Se o “apagão” ocorrido nessa tarde, após o fim de semana em que ocorreu o acesso ilegítimo para a realização das pesquisas referidas eliminou a possibilidade de se visualizar nas cameras de vigilância as pessoas que entraram no edifício, sede do IPDJ”.

O ex-presidente do IPDJ fala também no “eventual furto” da ata original de uma reunião do conselho diretivo de 5 de maio de 2017, e que Augusto Baganha refere ter solicitado a sua entrega, o que nunca terá acontecido. Acrescenta que o assunto foi de novo mencionado na última reunião que presidiu como responsável máximo do IPDJ, tendo Vítor Pataco, na altura vice-presidente do IPDJ, “sugerido que se assinasse outra ata, que substituísse a referida”, algo que Augusto Baganha recusou.

O furto foi comunicado às autoridades, “por tal facto configurar um ato de extrema gravidade”, e por, no entender de Augusto Banha, se tratar de “um crime, que deve ser investigado”.

Por último, o ex-presidente do IPDJ fala num “eventual favorecimento” ao Benfica, pedindo que seja investigado “o atraso provocado no processo administrativo, relativo ao regulamento de segurança” do clube, já que esse atraso “provocou o arquivamento  de 55 autos de contraordenação, baseados em autos de notícia levantados pelas forças de segurança”.

Augusto Baganha refere que este processo contraordenacional estava condicionado pela decisão do então vice-presidente Vítor Pataco de assinar o documento para que o Benfica “pudesse ser notificado da desconformidade do seu regulamento de segurança com a lei. Ou seja, durante todo o tempo em que o processo administrativo esteve parado, pendente da assinatura da notificação da declaração de nulidade do regulamento de segurança pelo vice-presidente, Vítor Pataco, todos os autos levantados ao Benfica por apoio ilegal às suas ‘claques’ seriam arquivados”, explica o ex-presidente do IPDJ.

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