Caramelos de fruta, flocos de neve, peitorais, os populares drops de fruta. As máquinas da Sweets and Sugar operam 23 horas por dia para produzir uma média diária de 10 toneladas de rebuçados e caramelos.
O cheiro a doce inunda as instalações da empresa industrial agroalimentar na Zona Franca da Madeira. Com capital 100% madeirense, a fábrica produz, transforma e comercializa açúcar, rebuçados, drops e caramelos, estando associadas a marcas de notoriedade nacional como a ‘Villa’ e a ‘Heller’. A pasta de rebuçado percorre as diferentes máquinas até acabar embalada em caixas de um colorido que nos transporta até ao imaginário dos filmes infantis
A maior fatia (70%) dos rebuçados produzidos pela Sweets and Sugar são vendidos para território continental.
Apenas 5% ficam na Madeira e 25% seguem para países como Espanha, França, Itália, Rússia, Venezuela, Jordânia, Chile e Irão. As marcas próprias representam 60% do volume de produção.
No arquipélago madeirense, os produtos favoritos são os flocos de neve, os rebuçados de mentol e o peitoral, um doce confecionado com mel e ervas que se acredita ajudar a curar constipações. O resto dos países prefere os caramelos tipo francês de fruta cuja produção exige uma linha completamente automática e que mais nenhuma fábrica produz em Portugal.
Os produtos ‘Villa’ conquistaram o mercado nacional, desde que em 2006 começaram a ser distribuídos no mercado tradicional, chegando depois às grandes superfícies. Já a produção da marca Heller remonta à década de 70, estava desaparecida até os sócios da Sweets and Sugar a adquirirem.
Aposta na diferenciação
“A nossa aposta é na qualidade e na diferenciação. Só usamos corantes e essências naturais vindas de França e Espanha e trabalhamos apenas com produtores certificados”, explica Ricardo Freitas, administrador da empresa Sweets and Sugar.
Há também uma gama de rebuçados sem açúcar, lançada há dois anos, mas pouco popular entre os madeirenses. As receitas, algumas internacionais, são adaptadas ao paladar e à cultura dos países importadores. Os espanhóis, por exemplo, preferem sabores mais ácidos e os flocos de neve são um produto made in Portugal que agora também se vende em alguns pontos da Rússia.
“É uma história curiosa. Estávamos numa feira na Alemanha, um cliente russo provou o floco de neve e ficou extasiado com o sabor, mas achou que o produto não teria saída no seu país. Oferecemo-lhe uma paleta de rebuçados. Passados sete anos, ele compra-nos contentores inteiros deste rebuçado”, conta Ricardo Freitas.
Com 45 funcionários, a fábrica Sweets and Sugar tem na eficiência tecnológica a sua maior vantagem competitiva, o que lhe permite fazer face aos custos acrescidos da insularidade, com transportes e a importação de matérias primas para a confeitaria, seja o açúcar do Brasil ou o papel do Líbano.
A empresa dispõe de tecnologia de ponta e de máquinas únicas que lhe garantem o maior rácio de produtividade nacional na sua área. É também a única fábrica em território nacional com a certificação BRC – Global Standard for Food Safety no âmbito da Produção de Rebuçados, Drops e Caramelos, uma normativa que satisfaz os mais altos padrões qualitativos e que viabiliza a comercialização em espaços como o Dia/Carrefour, o Lidl, o Pingo Doce e o Recheio.
“A nossa prioridade é garantir a segurança alimentar do consumidor. Somos a única fábrica em território nacional com a certificação BRC – Global Standard for Food Safety, uma normativa que visa os altos padrões qualitativos de reconhecimento mundial de excelência”, enfatiza Ricardo Freitas.
Em simultâneo com o negócio dos rebuçados, a Sweets and Sugar explora também o setor de embalamento e distribuição de açúcar – a marca Colombo- um negócio de 2 milhões de euros, ao abrigo do regime POSEIMA, que se restringe ao arquipélago da Madeira responsável pela absorção de 4 mil toneladas, cerca de 80% do consumo total do arquipélago.
Numa altura em que a tendência é para se reduzir o consumo do açúcar, Ricardo Freitas diz que a empresa perdeu, em 5 anos, 20% das vendas das saquetas para cafés. Para a quebra, contribuiu a redução da quantidade que passou os 8 gramas para os 5 gramas.
Investimento de 1 milhão
Todas as semanas, saem da fábrica sediada na Zona Franca da Madeira três contentores com confeitaria, no equivalente a 45 toneladas. Parte dos rebuçados é levada para um armazém em Lisboa e daí segue para outro em Madrid e depois é distribuída para os restantes países. São os espanhóis os maiores consumidores externos dos produtos Sweets and Sugar.
Ao contrário do que se possa pensar, o negócio exige renovação e criatividade constante. Há oito anos, a fábrica madeirense marcou pontos no mercado hoteleiro ao criar os rebuçados de 2 gramas, um passo pioneiro, entretanto, seguido por outros concorrentes.
“Com esta inovação, conseguimos vender maior quantidade do rebuçado pelo mesmo valor, reduzindo-se o tamanho e oferecendo maior rentabilidade aos hotéis”, dá conta Ricardo Freitas.
A empresa quer agora revolucionar a forma de embalamento dos rebuçados do mercado de impulso (produtos de consumo espontâneo). O administrador executivo prefere não revelar muitos pormenores, mas adianta que o projeto da ordem de 1 milhão de euros vai lançar novos conceitos e aumentar a produtividade. Só em maquinaria, vão ser investidos 800 mil euros.
Não obstante o volume de negócio e a popularidade internacional, a Sweets and Sugar passa despercebida no meio regional. “Muitos madeirenses não sabem que existimos”, assume Ricardo Freitas. Não é o caso das crianças que semanalmente visitam a fábrica, ao abrigo daquela que é a política de vizinhança da empresa.
“É uma experiência maravilhosa para os meninos que nos visitam. Saem daqui literalmente de ‘olhos em bico’ e a procura é tanta que não conseguimos calendarizar todas as visitas solicitadas”, revela Ricardo Freitas, administrador executivo da Sweets and Sugar.
Quando em 1994 um investidor brasileiro fundou a Didier & Queiroz, a empresa tinha como propósito produzir e comercializar rebuçados, mas foi só pelas mãos de Jimmy Welsh que o negócio ganhou ‘asas para voar’ sob o nome Sweets and Sugar.
Um dos proprietários da histórica Casa Hinton, Jimmy Welsh achou por bem juntar os negócios do açúcar e dos rebuçados.
“Quando o sr. Jimmy Welsh comprou a Didier & Queiroz foi, como se costuma dizer, um falatório aqui no Caniçal. As pessoas pensavam que ele tinha comprado uma fábrica de balas porque os brasileiros chamavam a isto fábrica de balas que é como se diz rebuçado no Brasil”, conta Ricardo Freitas, administrado executivo da Sweets and Sugar.
Depois de quatro anos a trabalhar para a General Motors, este engenheiro mecânico foi convidado para a administração da fábrica madeirense detida pelo Grupo Porto Bay, através da Ocean Island, por Jimmy Welsh, outro dos administradores juntamente com David Caldeira e Zé Carlos Silva.
“Quando cheguei aqui, a fábrica tinha só as paredes, algumas máquinas e o chão ainda era terra batida”, recorda Ricardo Freitas.
A Sweets and Sugar iniciou a sua produção em 1996 e, desde então, o administrador executivo da empresa dedica-se a 100% ao projeto.
A participação em feiras internacionais é uma das suas obrigações frequentes. É nesses espaços que Ricardo Freitas e a sua equipa comercial dão a conhecer a produção regional e onde buscam inspiração para novos produtos e formas mais competitivas de produção.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com