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Banca com lucros de 5 mil milhões em junho. Crédito a particulares com mais risco

“O custo do risco de crédito aumentou 0,3 pp face ao período homólogo, para 0,46%, refletindo o aumento de provisões e imparidades”, refere o supervisor da banca. O crédito classificado em Stage 2 piorou nos particulares.
28 Setembro 2023, 15h56

O Banco de Portugal publicou os dados do Sistema Bancário Português no 2.º trimestre de 2023.

Os resultados líquidos do sistema bancário (instituições com ativos acima de 5 mil milhões), segundo o BdP, somou 5.044 milhões de euros em junho, acima dos 3.217 do mesmo mês de 2022.

No 1º semestre deste ano, a rendibilidade do sistema bancário manteve a trajetória de crescimento dos últimos dois anos, com a rendibilidade do ativo (ROA) e a rendibilidade do capital próprio (ROE) a aumentarem em termos homólogos 0,44 pp e 4,8 pp, situando-se em 1,16% e 13,7%, respetivamente.

A evolução da rendibilidade refletiu o aumento da margem financeira (que deu um contributo de +1,01 pp para o ROA), que foi parcialmente compensado pelo aumento das provisões e imparidades (aqui o contributo foi de -0,34 pp).

Os dados do Banco de Portugal revelam ainda um aumento do crédito em Stage 2 – crédito sem incumprimento, mas em que foram identificados critérios de degradação significativa do risco de crédito – para os particulares, sobretudo no crédito à habitação.

Em termos da qualidade dos ativos, no 2.º trimestre de 2023, o rácio de empréstimos não produtivos bruto (NPL) manteve-se inalterado (3,1%), em resultado da diminuição dos NPL (-0,5%), e uma redução dos empréstimos produtivos (-0,2%).

O rácio de NPL líquido de imparidades situou-se em 1,3% (-0,1 pp). Já o rácio de NPL bruto das empresas diminuiu 0,1 pp, para 6,2%, enquanto nos particulares, o rácio manteve-se em 2,4%.

O rácio de cobertura dos NPL por imparidades aumentou 0,4 pp, para 56,6%, refletindo quer a redução dos NPL quer o aumento das imparidades acumuladas.

Nas empresas registou-se um aumento de 0,5 pp, para 58,4%. Nos particulares, o rácio cifrou-se em 54,4% (-0,1 pp), sendo 38,6% (-0,9 pp) e 64,0% (+0,8 pp) nos segmentos de habitação e de consumo e outros fins, respetivamente.

Finalmente, sobre o rácio de empréstimos em stage2 (crédito sem incumprimento, mas em que foram identificados critérios de degradação significativa do risco de crédito) o Banco de Portugal diz que se cifrou em 14,8% (-1,0 pp) nas empresas e em 9,5% (+0,5 pp) nos particulares, aumentando para 9,1% na habitação (+0,7 pp) e fixando-se em 10,7% no consumo e outros fins (-0,4 pp).

Na análise, o BdP revela que o custo do risco de crédito na banca piorou para 0,46% em junho, quando um ano antes era de 0,16%.

“O custo do risco de crédito aumentou 0,3 pp face ao período homólogo, para 0,46%, refletindo o aumento de provisões e imparidades”, refere o supervisor da banca.

Nos dados divulgados, o BdP diz que no 2.º trimestre de 2023, o ativo total subiu ligeiramente (+0,05%). O aumento dos títulos de dívida (+0,25 pp) foi parcialmente compensado pela redução dos empréstimos a instituições de crédito (-0,22 pp).

O rácio de transformação diminuiu 0,3 pp em comparação com o 1.º trimestre, para 79,6%. Esta evolução resultou do aumento dos depósitos de clientes (0,4%) e, em menor grau, do aumento dos empréstimos a clientes (0,1%).

O peso do financiamento obtido junto de bancos centrais diminuiu 1,6 pp, para 1,4% do ativo.

Já o rácio de cobertura de liquidez (LCR) manteve-se em 218%. A diminuição das saídas de liquidez (contributo de +0,2 pp) compensou a redução dos ativos de elevada liquidez, em particular das disponibilidades e aplicações junto de bancos centrais (contributo de -0,1 pp).

Em termos de eficiência, o rácio cost-to-income diminuiu 12,8 pp face ao período homólogo, situando-se em 38,8%, essencialmente devido ao aumento expressivo do produto bancário (contributo de -16,9 pp).

Os custos operacionais registaram um aumento de 9,5% em termos homólogos decorrente dos custos com o pessoal e de outros gastos gerais administrativos.

Em termos de solvabilidade, no 2.º trimestre de 2023, os rácios de fundos próprios totais e de fundos próprios principais de nível 1 (CET 1) situaram-se em 19,0% e 16,4%, respetivamente (+0,6 pp e +0,8 pp, face a março 2023).

Esta evolução refletiu o aumento do rácio de capital CET 1, num quadro de relativa estabilização do montante total das exposições em risco.

O ponderador médio de risco aumentou ligeiramente face a março de 2023 para 44,2%, registando-se um aumento marginal dos ativos com risco.

O rácio de alavancagem aumentou 0,4 pp face ao trimestre anterior, para 7,3%.

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