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Banca Digital: as promessas, os riscos e o que deve saber para se proteger

Ainda em fase de maturação, muitas destas soluções digitais enfrentam problemas operacionais, como bloqueios de conta, transferências falhadas e dificuldades no apoio ao cliente.
9 Outubro 2025, 11h49

A evolução da banca digital tem sido rápida. Plataformas que permitem abrir contas em minutos, fazer transferências instantâneas e gerir tudo pelo telemóvel estão a conquistar milhões de utilizadores em todo o mundo.

Mas, com a conveniência, surgem também desafios. Ainda em fase de maturação, muitas destas soluções digitais enfrentam problemas operacionais, como bloqueios de conta, transferências falhadas e dificuldades no apoio ao cliente.

Para que a experiência digital seja realmente vantajosa, é fundamental que os consumidores estejam informados e preparados.

O lado menos visível da banca digital (em poucas linhas)

  • Contas bloqueadas sem aviso: em nome da segurança e prevenção de fraude, algumas plataformas bloqueiam contas de forma automática, deixando o utilizador sem acesso ao seu dinheiro durante dias.
  • Apoio limitado: com suporte quase exclusivo via chat e sem contacto telefónico direto, resolver problemas pode tornar-se um processo frustrante.
  • Transferências pendentes ou revertidas: especialmente em operações internacionais, há relatos de transações que não se concretizam sem explicação clara.

O que pode (e deve) fazer para se proteger

  1. Diversifique onde guarda o seu dinheiro
    Evite concentrar todos os fundos numa só plataforma digital. Mantenha uma conta alternativa para garantir liquidez em situações de bloqueio ou erro.
  2. Mantenha os seus dados atualizados
    Tenha sempre à mão documentos de identificação, comprovativos de morada e, quando aplicável, comprovativos de origem de fundos. Isso acelera os processos de verificação e reduz o risco de bloqueios prolongados.
  3. Planeie transferências de montantes elevados
    Evite enviar valores invulgares sem preparação prévia. Movimentações fora do padrão habitual podem desencadear verificações de segurança. Sempre que possível, avise a plataforma ou divida a operação.
  4. Registe tudo
    Guarde capturas de ecrã de transações, recibos e mensagens de erro. Esta documentação é essencial se precisar de comprovar uma operação ou apresentar uma reclamação.
  5. Reclame sempre que necessário, nos canais oficiais e também publicamente
    Se o suporte falhar, utilize os mecanismos formais de reclamação da plataforma. E, se não obtiver resposta, recorra a entidades independentes para dar visibilidade ao problema e pressionar por uma solução. Pode fazê-lo através de plataformas como o Portal da Queixa, onde outras pessoas também podem beneficiar da partilha da sua experiência. Essas reclamações servem como alerta para futuros utilizadores e contribuem para maior transparência no setor.
  6. Use estas plataformas para o que fazem melhor
    As contas digitais funcionam bem para pagamentos do dia a dia, gestão de despesas em viagem ou compras online. Para operações mais sensíveis ou de grande valor, pode ser prudente recorrer ao seu banco tradicional.

Atenção à regulação e ao Fundo de Garantia

Nem todos os bancos digitais estão sediados em Portugal ou são supervisionados pelo Banco de Portugal. Alguns operam com licenças emitidas noutros países da União Europeia, o que pode limitar a sua atuação local.

Além disso, nem todas estas instituições estão abrangidas pelo Fundo de Garantia de Depósitos, o que significa que, em caso de falência, o consumidor pode não ter direito à proteção até 100.000€. Antes de abrir conta, é essencial verificar esta informação nos termos e condições ou junto da entidade supervisora.

Em suma, literacia digital é tão importante quanto conveniência. A transição para a banca digital é um caminho sem retorno, mas deve ser feita com consciência. Conhecer os riscos, prevenir problemas e estar preparado para agir são atitudes que fazem a diferença entre uma experiência tranquila e uma dor de cabeça inesperada.

A conveniência é real, mas a segurança depende, em grande parte, do comportamento informado do utilizador. Como regra de ouro, antes de qualquer operação, consulte experiências de outros consumidores.

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