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Banca preparada para aceitar um ‘haircut’ de 40,13 milhões de euros da dívida da Efacec

Esta cedência da banca traduz-se numa evolução face à posição inicial em que se recusavam a ter um haircut superior ao dos obrigacionistas e resulta das negociações que têm decorrido com a Parpública e com a sociedade gestora de private equity, Mutares.
4 Agosto 2023, 00h59

A proposta dos alemães da Mutares para a compra da Efacec pressupõe um acordo com os bancos para aceitarem perder 32,8 milhões de euros da dívida de 40,983 milhões sem garantia (um haircut de 80%) e um corte de 50% da parte não garantida da dívida garantida pela Norgarante e que soma 14,685 milhões, ou seja, a banca abdica de 7,34 milhões de euros da fatia unsecured da dívida com garantia pública.

De fora do haircut estão os 85 milhões de dívida bancária totalmente garantida pelo Estado (Norgarante). A notícia foi avançada pelo jornal “Eco” e confirmada pelo Jornal Económico junto de fonte da banca.

Esta cedência da banca traduz-se numa evolução face à posição inicial em que se recusavam a ter um haircut superior ao dos obrigacionistas e resulta das negociações que têm decorrido com a Parpública e com a sociedade gestora de private equity, Mutares.

A Mutares pede aos obrigacionistas um ‘haircut’ de 50% numa dívida emitida em 2019 no valor de 58 milhões de euros.

A banca está a dar tudo por tudo para viabilizar a Efacec, pois se a venda à Mutares falhar, a Efacec corre o risco de ir para insolvência. Ora a banca perdoa cerca de 40 milhões de euros, porque caso contrário pode perder mais de 140 milhões. Já que a dívida da Efacec à banca soma 140,66 milhões de euros.

O jornal Eco noticia que o Estado abdica dos 112,8 milhões de euros que a Parpública injetou na empresa, sob a forma de suprimentos.

No total, a proposta da Mutares tem subjacente um perdão de dívida de quase 182 milhões de euros, diz o Eco. Mas a operação é mais complexa do que isso.

Em cima da mesa está a um perdão de dívida 29 milhões de euros por parte dos obrigacionistas, de 40,12 milhões pelos bancos e 112,8 milhões pela Parpública.

A ideia é a Mutares comprar a empresa após a redução das dívidas de 311,46 milhões para 181,93 milhões de euros.

A Autoridade da Concorrência tomou recentemente uma decisão de “inaplicabilidade na operação de concentração”, que tinha sido notificada no passado dia 17 de julho, de compra da Efacec pelos alemães da Mutares.

Assembleia de Obrigacionistas da Efacec adiada para 12 de setembro

A Assembleia de obrigacionistas da Efacec que vai decidir o haircut da dívida de 58 milhões de euros foi adiada para dia 12 de setembro, a pedido da administração da empresa liderada por Ângelo Ramalho.

A decisão de aprovar um haircut de 50% da dívida de 58 milhões de euros emitida em 2019 – e que é condição para a Efacec ser vendida aos alemães da Mutares – fica assim adiada. A convocatória e as propostas da assembleia mantêm-se as mesmas.

A empresa que tem capitais próprios negativos, a 31 de dezembro de 2022, de 52,1 milhões de euros, está em fase de privatização e a Mutares foi a vencedora do concurso. Mas o closing da compra depende dos credores aceitarem um haircut, ou seja, os bancos e os obrigacionistas.

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