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Banco de Portugal. “Espera-se que haja arrefecimento da atividade económica”

“É de esperar que o aumento da inflação e taxas de juro traga redução do rendimento disponível das famílias e que os níveis de consumo terão que ser reduzidos”, reconheceu o novo administrador do Conselho de Administração do Banco de Portugal (BdP), Rui Miguel Correia Pinto.
27 Setembro 2022, 12h12

O novo administrador do Conselho de Administração do Banco de Portugal (BdP), Rui Miguel Correia Pinto, pintou um cenário menos positivo para as perspetivas económicas a médio prazo, pelo que é esperado que haja arrefecimento da atividade económica.

“É de esperar que o aumento da inflação e taxas de juro traga redução do rendimento disponível das famílias e que os níveis de consumo terão que ser reduzidos”, reconheceu o responsável, acrescentando que essa redução poderá trazer pressão sobre as próprias empresas. Deste modo, “Espera-se que haja arrefecimento da atividade económica”, admitiu.

O responsável falava no âmbito da indigitação para o cargo de Administrador do Conselho de Administração do Banco de Portugal, na Comissão de Orçamento e Finanças, ocorrida esta terça-feira na Assembleia da República

Rui Miguel Correia Pinto salientou ainda que as pressões inflacionárias dos últimos meses estão a ser mais permanentes do que o inicialmente esperado: “O que a história recente demonstra é que a pressão nos preços está a passar a ser menos transitória e mais permanente”, reconheceu, salientando que, para não haver grandes disrupções económicas, é necessário que “não haja uma intervenção de política fiscal que ponha em causa a política monetária”.

Deste modo, “o que deve ser garantido é que na sociedade e na economia, nomeadamente nas áreas mais vulneráveis, deve ser essa a atenção da política fiscal”, considerou ainda o novo administrador do Conselho de Administração do BdP.

Por outro lado, o responsável afirmou que, apesar desta pressão sobre os rendimentos das famílias, não se está a ver uma evolução negativa, já que, segundo informa, nos últimos anos, o stock de crédito com incumprimento teve uma redução “muito significativa”, algo que está “em linha com outras jurisdições”.

Não obstante, o responsável considera “necessário que os bancos estejam vigilantes sobre o que é a evolução deste incumprimento”, já que “os bancos continuam a apresentar índices de rentabilidade que não são ainda os desejáveis”.

Combate a greenwashing na ordem do dia

A sustentabilidade, segundo Rui Miguel Correia Pinto, tem sido uma “prioridade” seguida pelas autoridades de supervisão, já que é uma questão à qual os investidores dão cada vez mais atenção.

Para tal, é preciso combater o fenómeno de greenwashing, algo que o responsável aponta como o maior risco em matéria de sustentabilidade.

Segundo o novo Administrador do BdP, é preciso garantir que os investidores cumpram com os investimentos sustentáveis a que se comprometem e, para tal, deve-se “garantir que os agentes de mercado têm mecanismos de avaliação dos próprios investimentos que fazem e garantem que prestam toda a informação necessária aos seus clientes”.

Respondendo ao deputado do Chega Pedro Frazão, Rui Miguel Correia Pinto justificou ainda o seu salário mensal de 15 mil euros neste novo cargo no BdP pela “responsabilidade assumida” do BdP de captação de “pessoas adequadas” ao supervisor.

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