A política monetária foi a principal resposta à crise económica e financeira de 2008 e também à crise da dívida europeia que se lhe seguiu. Os bancos centrais tornaram-se num fator de risco para a economia mundial devido às medidas pouco convencionais tomadas nos últimos anos.

Perante o risco de colapso do sistema financeiro e da zona euro, os bancos centrais cortaram as taxas de referência para mínimos históricos e enveredaram pelo experimentalismo monetário ao comprar uma enorme quantidade de ativos, aumentando o seu balanço. Como resultado, as taxas de juro mantêm-se artificialmente baixas há anos e desligadas dos mecanismos habituais de relação com a inflação e o risco. Nesta altura, quase metade de todas as obrigações soberanas europeias têm rendimentos negativos.

Os ativos em geral, incluindo as ações, valorizaram devido à emissão de moeda. Desde 2009 que tem sido “um mercado de bancos centrais”, havendo a perceção de que irão intervir sempre que necessário. Por exemplo, em dezembro passado, perante uma perspetiva de desaceleração económica e com quedas expressivas nos mercados, o BCE logo fez saber que não subirá as taxas de juro em 2019 e a FED deu a entender que o ciclo de contração monetária já terminou, acalmando os mercados.

A estratégia de os bancos centrais atenuarem sistematicamente os ciclos económicos tem, basicamente, dois riscos. Um deles é que, historicamente, combater os ciclos tem implicado a criação de crises de maior dimensão. O outro é que os bancos centrais podem não conseguir convencer sempre o mercado e arriscam a que se perca a confiança neles e na moeda.