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Bancos e fintech: “Tem de haver igualdade de tratamento”, defendem BBVA e SoftFinança

Com a transposição da diretiva PSD2, Há espaço no setor bancário para os bancos e para as fintech. No entanto, os bancos podem oferecer serviços e produtos idênticos alavancados pela confiança que estabeleceram com os clientes.
6 Dezembro 2018, 19h56

O aparecimento das fintech está a transformar o setor bancário e financeiro, o pano de fundo da conferência “How to Implement a fintech Technology and Strategy”, organizada em parceria pela Quidges e pela Associação Fintech e Insurtech Portugal (AFIP), e da qual o Jornal Económico é media partner.

No contexto nacional, Luís Baptista, da consultora Roland Berger, revelou que o setor bancário pode “extrair valor das parcerias com as fintech“, inseridas no quadro de “um modelo colaborativo”, que se contrapõe aos modelos assentes numa “relação fechada”, nos quais os bancos tendem a ser “don[o]s” da relação com os clientes. O consultor foi da opinião que a entrada das fintech nos setores bancário e financeiro poderá alterar este cenário e, porque estas empresas financeiras tecnológicas têm um “pensamento disruptivo”, aportar também mais-valias.

Por sua vez, o administrador da Quidgest, João Paulo Carvalho, o investimento na transformação digital tornou-se premente para as instituições bancárias, uma vez que estão inseridas num mercado em constante evolução, no qual surgem não só novo tipos de produtos, como também novos agentes de mercado, dos quais a fintech são um paradigma. Neste contexto, para competir com as fintech, João Paulo Carvalho defendeu uma alteração das mentalidades dos incumbentes, assim como a aposta na inovação. Para tal, argumentou, será necessário que os bancos apostem “na modelação do negócio, em metodologias ágeis e em curtos prazos de execução”.

O setor financeiro abriu-se recentemente com a transposição da diretiva europeia PSD2, que trará “profundas transformações ao setor bancário”, explicou Bruno Costa, manager da Infosistema, um empresa produtora de software de Lisboa. Mas nem todas as fintech vão conseguir sobreviver no mercado, segundo

Apesar das fintech, a confiança e a segurança são valores para o setor bancário criar valor

A confiança e a segurança serão essenciais para a criação de valor no futuro do setor bancário, numa altura em que a maioria dos serviços dos bancos estão a ser digitalizados. No entanto, o surgimento as fintech no setor terá de ser guiado por legislação que regule os bancos e estes novos agentes de mercado de forma igualitária.

Esta é a opinião de Andreia Madeira, do BBVA Open Innovation, e de Luís Teodoro, da SoftFinança, que participaram na conferência.

Para Andreia Madeira, apesar de reconhecer que a concorrência dos bancos se alterou, com o surgimento das fintech, no ecossistema atual há espaço para os dois, abarcando os bancos e as fintech. No entanto, salientou que “o maior desafio para a banca tradicional consiste em oferecer as mesmas soluções que as fintech mas alavancando com o seu maior capital, que é a confiança”.

O papel da banca está indexado ao capital de confiança e é preciso também “percebermos que os comportamentos dos clientes já estão a mudar. Por isso as organizações têm de mudar, disse Andreia Madeira.

Todos falaram dos novos players e de como isso será decisivo no futuro do setor bancário. Falar de novos players que vão competir com os bancos no mesmo mercado é falar de um “level playing field” e daí a importância da regulação para estabelecer regras e deveres semelhantes para atividades semelhantes.

“A confiança. Estamos a ver que há alguns players que não são do setor que estão a interagir com os clientes, oferecendo-lhes soluções, com mais rapidez e menos custo”, salientou Andreia. Nesse contexto, deixou em aberto a questão: “qual é a diferença para um cliente trabalhar com um banco ou com um destes players“.

Todos os serviços tradicionais são convertidos para uma versão digital, mas do outro lado da app temos uma pessoa com formação, que faz uma assessoria e que traz segurança”, lembrou.

Também para Luís da SoftFinança, a questão da segurança e da regulação são essenciais. “Quando dizemos que as novas fintech são uma ameaça, pergunto, quantos de vocês depositava dinheiro no Facebook, por exemplo? O cliente que privilegia a confiança não aceita pôr o dinheiro dele em algo que não seja conceptualmente tangível, como é o caso dum banco”.

Segundo Luís Teodoro, a regulação deve assumir um papel de “guia” na supervisão da atividade, quer dos bancos, quer das fintech. “Aqui o papel da regulação é importante não para ser castrador à entrada das iniciativas emergentes ou permissivo o suficiente para que haja riscos sistémicos. O regulador tem de ser um guia para que haja boas práticas e que seja possível conviverem no mesmo mercado a banca e as fintech“, frisou.

(atualizada no dia 4 de janeiro de 2019, às 20h47)

 

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