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Bancos europeus foram multados em 14,3 mil milhões ao longo de seis anos, diz a Moody´s

Os bancos europeus pagam um preço muito alto por terem fracos controles de lavagem de dinheiro e por violação de sanções comerciais, diz a Moody´s.
2 Abril 2019, 18h45

As multas aplicadas a bancos europeus por facilitarem o branqueamento de capitais e por violação de sanções comerciais ascendeu a 16 mil milhões de dólares (14,3 mil milhões de euros), entre 2012 e 2018, refere um relatório da Moody’s divulgado esta terça-feira. Os reguladores americanos cobraram mais de 75% das multas.

Os bancos enfrentam riscos financeiros, operacionais e de reputação à medida que mais investigações são realizadas, adianta a agência de rating.

Os EUA estão agora a investigar o Danske Bank, que admitiu algumas falhas nos controles anti-lavagem de dinheiro (AML) de sua filial na Estónia.  O Swedbank também está a ser investigado por alguns controles fracos de branqueamento de capitais nas operações do Báltico, e há investigações preliminares em curso noutros bancos nórdicos. O banco central da Itália também encontrou falhas ao nível do controle do branqueamento de capitais no italiano ING. Os reguladores europeus estão agora a impor penalidades maiores do que anteriormente, como mostra a multa holandesa de  915 milhões de dólares (818 milhões de euros) contra o ING Groep em setembro.

Novas regras, como a Diretiva Anti- Branqueamento de Capitais da União Europeia, destinam-se a reduzir a probabilidade de grandes penalidades, incentivando os bancos a estabelecer melhores controles.

“Embora a maioria das multas tenha sido menor do que os rendimentos anuais antes dos impostos dos bancos afetados, elas continuam sendo uma ameaça dispendiosa, gerando riscos financeiros, operacionais e de reputação aos bancos europeus”, diz a Moody´s cuja análise esteve a cargo de Sean Marion.

O francês BNP Paribas sofreu em 2014 uma multa de 8,9 mil milhões de dólares (7,95 mil milhões de euros) e até agora é a maior multa paga por um único banco por branqueamento de capitais ou quebra de sanções comerciais. O BNPP concordou pagar a totalidade da multa depois de se dar como culpado de efetuar transações financeiras em nome de entidades cubanas, sudanesas e iranianas que estavam sob sanções por parte dos Estados Unidos.

O HSBC foi multado em  2012  em 1,9 mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros). O HSBC aceitou pagar a multa e também entrar num acordo de diferimento da acusação com o Departamento de Justiça, nos Estados Unidos, depois de ser surgido que os lapsos nos controles das operações do banco nos EUA facilitaram a lavagem de dinheiro em grande escala originária do México. Uma grande parte do branqueamento estava ligado ao Black Market Peso Exchange (BMPE), um sistema complexo usado para movimentar grandes quantidades de dinheiro gerado pelo tráfego de droga nos EUA para países fora dos Estados Unidos. Além disso, o banco também violou embargos comerciais dos EUA ao efetuar transações em nome de clientes com a Birmânia, Cuba, Irão, Líbia e Sudão.

O Commerzbank, em 2015, foi multado em 1,45 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros). O banco alemão aceitou pagar 1,3 mil milhões de euros a cinco agências norte-americanas por ter facilitado operações com países na lista de sanções dos EUA, incluindo o Irão e o Sudão, entre 2002 e 2008. O Commerzbank também assinou um acordo judicial de deferimento com o Departamento de Justiça dos EUA e com a Procuradoria do Distrito de New York, por violações de práticas de governance em relação a lavagem de dinheiro entre 2008 e 2013.

Société Générale, em 2018, recebeu uma multa de 1,3 mil milhões de dólares – 1,16 mil milhões de euros – aplicada por vários reguladores e agências dos EUA, incluindo o Departamento de Estado de Serviços Financeiros de Nova Iorque por ter efetuado operações com países alvo de sanções dos EUA, incluindo Cuba, Irão, Líbia e Sudão.  O Société Générale também entrou em um acordo com o DFS para corrigir deficiências identificadas na gestão de risco e nos programas de compliance da sua filial em NY.

O holandês ING, em 2018, foi multado em 915 milhões de dólares ( 814 milhões de euros) na Holanda por falhas na deteção de operações de branqueamento de capitais e por falhas na recolha de documentação, classificação e revisão de processos relacionados com a due diligence de clientes (CDD), entre 2010 e 2016. Após o início da investigação externa, o ING também lançou uma investigação interna que identificou falhas de risco no nível da administração. Isso levou a reduções nos bónus para os administradores executivos e nalguns casos a sua suspensão da atividade.

 

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