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“Bancos maiores podem providenciar melhores serviços a custos mais baixos”, defende Maria Luís Albuquerque

Comissária europeia defende bancos maiores na Europa e internacionais. Também defende a união de mercados de capitais para colocar mais europeus a investir nas bolsas. Sobre receio de países mais pequenos recearem perder liquidez para os países maiores, responde: “Não se pode desenvolver um mercado de capitais se não tiver liquidez suficiente”.
epa11704739 Maria Luis Albuquerque, European Commissioner-designate for Financial Services and the Savings and Investments Union, attends her confirmation hearing before European Parliament committees in Brussels, Belgium, 06 November 2024. EPA/OLIVIER HOSLET
29 Janeiro 2025, 09h38

Maria Luís Albuquerque, comissária europeia para os serviços financeiros, defendeu a criação de bancos maiores multieuropeus como forma de fornecer serviços a preços mais baixos aos seus clientes.

“É uma consequência natural da união bancária haver fusões internacionais. Precisamos de compreender que bancos maiores podem providenciar melhores serviços a custos mais baixos. Se tivermos bancos maiores a operarem entre países, será para benefício de todos os clientes”, afirmou Maria Luís Albuquerque em entrevista à “Bloomberg”.

Um exemplo é a oferta de compra dos italianos do Unicredit pelo banco alemão Commerzbank que conta com a resistência feroz do próprio banco e do Governo alemão.

Sobre os pedidos de desregulação do sector financeiro feitos por alguns dos maiores estados-membros, a comissária portuguesa disse que “são países importantes, mas existem 27 membros, portanto vamos ter de ouvir todos. Existem muitos poucos assuntos onde todos vamos ver as coisas da mesma perspetiva. A banca não é um desses assuntos”.

“Existe a necessidade clara de ter melhor regulação, regulação mais simples, para reduzir o fardo que isso impõe em todas as empresas”, preservando “um campo de jogo equilibrado para os bancos europeus e concorrentes globais. Não vamoz fazer uma corrida ao fundo. A estabilidade financeira é muito importante para arriscar”, acrescentou.

Sobre a união de mercado de capitais, a comissária admitiu que pode avançar com uma maioria simples, sem ser aprovada pelos 27 estados membros. Na última década, Bruxelas tem tentado chegar a um acordo completo entre os estados-membros para reduzir as barreiras nacionais de forma a tentar criar um mercado de capitais europeus mais unificado, que poderia ajudar a colmatar a falta de investimento na UE que atinge um bilião de euros.

“Temos atualmente 11 biliões de euros em contas bancárias. Mesmo que uma pequena parte possa ir para o mercado de capitais, isto faz uma grande diferença para a capacidade das nossas empresas obterem o capital que precisam”, afirmou.
Um dos receios dos países mais pequenos é que uma consolidação da união de mercados de capitais possa retirar liquidez dos seus mercados menos desenvolvidos. Em resposta a esta preocupação, Maria Luís Albuquerque disse: “Porque é que os países mais pequenos não estão dispostos a isto e juntar-se aos grandes países? Não se pode desenvolver um mercado de capitais se não tiver liquidez suficiente, se não tiver participantes suficientes no mercado. É uma questão de escala”.

A União Europeia lança hoje a Bússola da Competitividade, um roteiro de cinco anos com o objetivo de competir com os EUA e a China, com propostas para cortar na regulação, melhor o acesso a financiamento, reduzir custos de energia e mitigar a dependência de minerais críticos. O objetivo é implementar muitas das recomendações de plano elaborado por Mario Draghi.

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