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Bancos têm em média mil milhões cada em créditos com moratória

BCP diz também que na primeira semana após entrada em vigor, 2.500 empresas já pediram uma moratória dos seus créditos.
3 Abril 2020, 12h16

Os bancos já têm uma estimativa do número de pedidos de moratória no crédito, quer de particulares, quer de empresas, mas a maioria mostrou-se renitente em fornecer esses dados. No entanto, o Santander Portugal e o BCP falam em valores de cerca de mil milhões de euros até hoje, no que se refere à moratória no crédito à habitação. O BCP diz também que 2.500 empresas já pediram uma moratória dos seus créditos. Isto quando passa uma semana desde que a legislação da moratória pública entrou em vigor. O decreto-lei que rege o sistema de moratórias por seis meses dos créditos à habitação e a empresas entrou em vigor a 27 de março e vigora até 30 de setembro de 2020.

Já o Novo Banco, não divulga números, mas diz que no seu caso “está em linha com o setor”. Isto é, com os mil milhões de euros por semana, por banco. A instituição dirigida por António Ramalho reportou 10,3 mil milhões de crédito à habitação em 2019, mas não detalha o doméstico.

O BPI, por sua vez, diz que no seu caso o valor das moratórias no crédito à habitação está abaixo desse montante. O banco liderado por Pablo Forero tem 11,4 mil milhões de crédito hipotecário no balanço. A CGD, por seu turno, também não quis divulgar os valores, mas admite que no seu caso o montante de moratórias no crédito à habitação supera o valor dos mil milhões. O que não é de estranhar uma vez que tem a maior quota de mercado. A CGD tem em Portugal 23,6 mil milhões em crédito à habitação.

Já o Crédito Agrícola, que tem uma carteira de crédito à habitação de 4,14 mil milhões, admite que 50% desse montante seja impactado pela moratória. “Ainda não temos estimativas, no entanto acreditamos que cerca de 75% do montante de prestações de empréstimos a empresas, empresários em nome individual, instituições e outros clientes corporate sejam impactadas, bem como cerca de 50% do crédito habitação própria permanente”, refere o banco liderado por Licínio Pina.

O Santander Portugal, por sua vez, diz que “a moratória do Banco permite que as famílias Portuguesas não amortizem neste período quase mil milhões de euros de capital”. Isto representa cerca de 5% do total de crédito à habitação do banco liderado por Pedro Castro e Almeida que em 2019 era de 19,6 mil milhões. Acima do BCP,que tem cerca de 17,3 mil milhões em crédito à habitação em Portugal. No banco presidido por Miguel Maya, a moratória estará em cerca de 6% da carteira de crédito à habitação doméstica.

A moratória dos créditos aprovada pelo Estado destina-se a crédito para habitação própria permanente dos particulares. Os clientes têm de ter residência em Portugal e estar em “situação de isolamento profilático”; de assistência; ou estar em lay-off por redução do período de trabalho ou suspensão do contrato de trabalho devido à crise empresarial; ou em situação de desemprego. Os últimos dados, de 1 de abril, revelam que em dois dias, 76 mil trabalhadores foram colocados em lay-off simplificado havendo ainda 3.600 empresas que notificaram a Segurança Social para aderir a este regime. Os bancos terão de aplicar a moratória no prazo máximo de cinco dias úteis após a receção da declaração e dos documentos. Todos os bancos estão a agilizar os pedidos de moratória. É por exemplo o caso do Banco Montepio que anunciou o pedido 100% digital e resposta por SMS. A suspensão do pagamento desses créditos foi anunciada por várias instituições (CGD, Santander, Bankinter, BPI), antes mesmo da moratória do Estado ter sido aprovada. Mas o tratamento das moratórias privadas (por iniciativas dos bancos) deve ter o mesmo tratamento das moratórias públicas em termos prudenciais. Isto é, não serem classificadas como NPE (non-perfoming exposure).

Notícia publicada na edição semanal do Jornal Económico de 3 de abril

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