Os presidentes de alguns dos principais bancos privados portugueses (BCP, Santander Totta, BPI, Crédito Agrícola e Banco Montepio) mostraram-se hoje descontentes com a crise política, durante a conferência Fórum Banca, em Lisboa, organizada pelo Jornal Económico.
Licínio Pina, do Crédito Agrícola, a propósito do chumbo da moção de confiança ao Governo e a ida para eleições antecipadas, disse que “como português” considerou “degradante” ao que a política chegou e anteviu que “dificilmente haverá pessoas com qualidade a queiram exercer funções públicas face à grande exposição que é feita à pessoa e à sua família”.
No pólo oposto, Pedro Leitão, CEO do Banco Montepio, considera que há uma “degradação das democracias” e que Portugal é uma exceção. “Quando vemos parlamentos que funcionam, significa que há uma democracia saudável. Agora se estamos a fazer bom uso disso, digo que ir a eleições era tudo o que não precisávamos”. Porque a instabilidade é mau para o sistema.
“Éramos felizes e não sabíamos” referiu o banqueiro.
Já Miguel Maya defendeu que acredita “no tecido empresarial português, apesar desta situação”. O CEO do BCP disse estar “muito tranquilo quanto à economia portuguesa. Dizer que preferimos estabilidade à instabilidade é de la Palice, prefiro ver que a democracia está a funcionar”.
Para o presidente do Santander Totta, Pedro Castro e Almeida, “são os privados que criam crescimento. Apesar dos custos de contexto que não temos”. O banqueiro disse que “quando olhamos para a execução do PRR e para o investimento estrangeiro, naturalmente que ter estabilidade política faz enorme diferença”. Tudo isto “é como se fosse uma corrida de carros e o carro português a cada volta encosta às boxes”.
“Com o tempo tudo se estraga, mesmo as empresas mais resilientes”, alertou o CEO do Santander.
O mais assertivo nas críticas à queda do Governo foi o CEO do BPI. João Pedro Oliveira e Costa disse que “o meu nível de desilusão é tão grande, tenho quase vontade baixar os braços, questionar se vale a pena votar, se vale a pena intervir, se alguém nos ouve”, afirmou.
João Pedro Oliveira e Costa, do BPI, disse que perante o que viu ontem “faltou a palavra Portugal, que devia ser o principal desígnio”.
“É uma questão de respeito”, disse o banqueiro.
“Há uma falta enorme indignação sobre o que se está a passar”, disse o CEO do BPI, reforçando que se vão abrindo Caixas de Pandora.
João Pedro Oliveira e Costa apontou que “sob a capa da democracia” somos obrigados a alinhar no “pensamento único”.
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