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BBC: China pode ter emprestado 67 mil milhões de dólares à Venezuela

A China é o maior financiador da Venezuela, sendo difícil determinar o valor exato dos empréstimos concedidos, segundo investigações da BBC. O objetivo dos financiamentos chineses foi geoestratégico e esteve relacionado com o acesso à produção petrolífera. Mas atualmente na China há quem tema que os venezuelanos não reconheçam a divida total aos chineses, refere um trabalho de investigação da BBC.
  • China, Xi Jinping
24 Fevereiro 2019, 16h41

As equipas de investigação da BBC não têm dúvidas em reconhecer que “a China é o maior credor de Caracas”. Enquanto um elevado número de agentes económicos questiona cada vez mais da capacidade do país sul-americano conseguir saldar suas dívidas, o gigante asiático emprestou mais de 50 mil milhões à Venezuela. Segundo as investigações do grupo de informação britânico, há analistas que estimam que o valor total financiado seja ainda maior, “na ordem de 67 mil milhões”.

Uma parte considerável desse empréstimo já terá sido paga pela Venezuela. O especialista da empresa de análise e previsão económica Oxford Economics, Carlos de Sousa, considera que ainda faltariam pagar pelo menos cerca de 16 mil milhões de dólares.

Vincent Ni, analista da BBC para a China, refere que o governo chinês “geralmente é muito aberto” em relação aos investimentos que faz no exterior. No entanto, a China não “quer revelar quanto emprestou à Venezuela” e isso, segundo o mesmo analista já “diz muito”.

A China “sempre teve uma visão de longo prazo em relação à Venezuela: sendo este o país com as maiores reservas de petróleo do mundo, fazia sentido investir ali como uma forma de garantir uma fonte de petróleo, que é necessária para seu crescimento”, refere Carlos de Sousa, da Oxford Economics.

Contudo, para Russ Dallen, um dos sócios do banco de investimentos Caracas Capital Markets, citado pelo canal americano CNBC, os chineses temem que a oposição venezuelana não reconheça as dívidas contraídas pelo país durante os anos de Hugo Chávez, ou que arranje argumentos legais para não honrar o pagamento da dívida à China. “Os chineses não sabem o que fazer. As equipas de Maduro não estão pagando e a situação continua a deteriorar-se”, refere Russ Dallen.

Recentemente Juan Guaidó procurou dissipar receios chineses, garantindo em entrevista ao jornal chinês South China Morning Post  que “o Governo vai agir com respeito às leis e às obrigações internacionais da Venezuela”. “Todos os acordos que foram assinados com a China de acordo com a lei serão respeitados”, garantiu.

Agora, segundo a BBC, a China terá de escolher que lado quer apoiar: Maduro ou Guaidó. Por ora, parece que a China ainda não tomou uma decisão explícita sobre o lado que poderá escolher. A BBC recorda que durante a Primavera Árabe, a China apoiou o ex-líder líbio Khadafi até sua queda. Mas, quando ele caiu, a China mudou de lado e nenhum país se importou muito com essa mudança.

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