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BCE anuncia 120 mil milhões de euros adicionais em compra de ativos até final do ano

O banco central liderado por Christine Lagarde explicou que a medida que acrescenta à ao atual programa de compra de ativos no valor de 20 mil milhões de euros por mês visa apoiar “condições de financiamento favoráveis para a economia real em tempos de incerteza mais elevada”.
  • Armando Babani/EPA via Lusa
12 Março 2020, 12h48

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou esta quinta-feira um “envelope temporário adicional de compra de ativos líquidos” de 120 mil milhões de euros até final deste ano para ajudar a mitigar o impacto do surto do coronavírus na economia da zona euro.

“Em combinação com os existente programa de compra de ativos, isto irá apoiar a condições de financiamento favoráveis para a economia real em tempos de incerteza mais elevada”, informou o BCE em comunicado emitido apos a reunião do Conselho de Governadores em Frankfurt.

Em setembro do ano passado, o banco central relançou o Asset Purchase Programme (APP) a um ritmo mensal de 20 mil milhões de euros, que arrancou em novembro e sem prazo final, com o objetivo de reforçar o impacto acomodatício das taxas diretoras.

O banco central adiantou que os reinvestimento dos pagamentos de ativos que chegam à maturidade no APP irão  continuar, na íntegra, por um período prolongado para além da data quando o Conselho de Governadores começar a aumentar as taxas de juro e, em qualquer caso, enquanto for necessário manter condições favoráveis de liquidez e um amplo grau de acomodação monetária.

A maioria dos analistas previa um aumento do ritmo de compras mensais, com as estimativas a irem de uma subida para 30 mil milhões até mesmo os 50 mil milhões por mês. Com a decisão anunciada esta quinta-feira, e num cenário em que o BCE comece as compras adicionais no início de abril e as faça de forma linear, irá comprar 13,33 mil milhões de euros por mês, acima dos 20 mil milhões que já comprava.

A instituição liderada por Christine Lagarde decidiu manter taxa de juro de depósito em -0,50%, enquanto a maioria dos analistas esperava uma redução para -0,60% ou 0,70%. A taxa de juro aplicável às operações principais de refinanciamento e as taxas de juro aplicáveis à facilidade permanente de cedência de liquidez  também ficaram inalteradas, permanecem em 0,00% e 0,25%, respetivamente.

A decisão do BCE de manter inalteradas as taxas de juro difere das da Reserva Federal norte-americana (a Fed), do Banco do Canadá e do Banco de Inglaterra, que cortaram as taxas de juro por forma a mitigar o impacto negativo do novo coronavírus na economia.

No dia 3 de março, a Fed cortou em 50 pontos base a federal funds rate para um intervalo entre 1% e 1,25%. No dia seguinte, o Banco do Canadá anunciou política idêntica, também cortando as taxas de juro em 50 pontos base para um intervalo de 1% a 1,25%, com a correspondente taxa de depósito fixada em 1%. E, ontem, depois de uma reunião de emergência, o Banco de Inglaterra cortou as taxas de juro de 0,75% para 0,25%.

O BCE anunciou ainda esta quinta-feira que a taxa da série de empréstimos de longo prazo à banca (TLTRO-III) será 25 pontos base abaixo da média do Eurosistema. As operações de refinanciamento, que têm como objetivo injetar liquidez na banca, foram lançadas em setembro de 2019 e terminam em março de 2021. A medida hoje anunciada aplica-se às operações pendentes entre junho de 2020 e junho de 2021.

O banco central vai aplicar também um conjunto de medidas que visam aliviar as regras sobre as almofadas de capital impostas aos bancos da zona euro.

Segundo Carsten Brzeski, economista-chefe do ING, referiu que o BCE com estas medidas “está a focar em fornecer liquidez adicional e em estabilizar os mercados com um Quantitative Easing adicional”, sublinhando que o banco central está a de forma “direcionada e não com uma tentativa mais alargada”.

[Atualizada às 13h31]

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