Ao fim de dez subidas consecutivas, o Banco Central Europeu (BCE) optou esta quinta-feira por manter os juros de referência para a zona euro inalterados, alinhando com a expectativa generalizada do mercado. Com a inflação a dar sinais de abrandamento e a economia a fraquejar em múltiplas frentes, a decisão era largamente esperada, com a questão agora a centrar-se se é apenas uma pausa ou o fim do aperto monetário.
A autoridade monetária optou assim por manter os juros de referência entre 4% e 4,5%, isto depois de dez subidas consecutivas que fizeram deste o aperto monetário mais agressivo da história da moeda única. Com a inflação a recuar de 10,6%, o máximo atingido neste fenómeno dos preços, para 4,3% na leitura mais recente, a autoridade monetária ganhou alguma margem de manobra para avaliar os efeitos cumulativos da escalada de juros na economia real, que costumam ter um atraso de 12 a 18 meses.
“A informação que fomos recebendo confirmou largamente a avaliação de médio prazo para a inflação”, lê-se no comunicado do BCE, que projeta novamente a manutenção de uma postura restritiva durante um longo período.
“Baseado na avaliação atual, o Conselho de Governadores considera que as taxas de referência estão em níveis que, mantidos durante tempo suficiente, farão uma contribuição substancial” para o objetivo de 2% no indicador de preços, reforça a nota do BCE.
Já na reunião de setembro o discurso de Christine Lagarde havia sinalizado uma pausa na reunião seguinte. A presidente do banco frisou novamente a necessidade de se manter dependente dos dados que forem surgindo e prontos para atuar, mas também argumentou que as taxas atuais já serão suficientemente restritivas para trazer a inflação de novo para perto dos 2%, em linha com o objetivo de médio prazo.
Prova disso foram as atas da anterior reunião, que mostraram um comité de política monetária já dividido quanto à necessidade de nova subida de 25 pontos base (p.b.), como acabou por se materializar. Para os membros mais dovish do BCE, os riscos de continuar a subir os juros começam a tornar-se cada vez mais significativos, uma visão expressa pelo governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, repetidas vezes.
[notícia atualizada às 13h23]
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