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BCE menos confiante sobre a recuperação do crescimento económico da zona euro

Minutas da última reunião do Banco Central Europeu destacam que “ventos contrários globais” continuam a pesar sobre a economia da zona euro, prolongando o desacelerar do crescimento económico.
23 Maio 2019, 13h29

O Banco Central Europeu (BCE) está mais pessimista sobre a recuperação da economia da zona euro, revelam as minutas da reunião, que teve lugar a 9 e 10 de abril, e que foram divulgadas esta quinta-feira.

“A extensão do momentum do abrandamento do crescimento já tinha sido antecipada em parte nas projeções do BCE em março de 2019, mas também se reconheceu que alguns dados recentes se mostraram ainda mais fracos do que o esperado”, refere o relatório.

O BCE refere ainda que os membros do comité partilham “a opinião de que o “crescimento mais moderado” mais prolongado sugerido pelos dados mais recentes permaneceu consistente com o cenário de referência de um retorno a um crescimento mais sólido na segunda metade do ano corrente”.

“A verdade é que, ao olhar para os mais recentes acontecimentos – agravamento da guerra comercial e indecisão nas negociações do Brexit e no governo britânico – e para os dados económicos na União Europeia, o BCE manteve o seu discurso e a sua posição de cautela e apreensão quanto ao futuro, uma vez que a desaceleração económica prevista continua bem patente na zona euro, com o PMI de manufatura da UE e da Alemanha se encontrar abaixo dos 50 pontos desde fevereiro, demonstrando a contração económica”, explica David Silva, analista da Infinox.

“Se olharmos para a inflação na zona euro, apesar de ter registado o melhor valor desde 2019 no passado mês de abril, o aumento do Índice de preços no consumidor em 1.7% face a 2018 está ainda bastante longe do valor ambicionado pelo BCE, o que, sem grande surpresa, vem reforçar a manutenção da taxa de juro na ordem dos 0,00%, tanto na próxima reunião, como durante todo o ano de 2019”, acrescenta.

As minutas destacam que mais informações deverão ser recolhidas no período que antecede a próxima reunião, em junho, quando estiverem disponíveis novas estimativas do banco central. No que diz respeito à análise económica, a instituição liderada por Mario Draghi refere que “há sinais que alguns países e fatores internos específicos por setor, mas os ventos contrários globais continuaram a pesar sobre a atividade da zona euro e deixaram marcas no sentimento económico”.

Na reunião de abril, o BCE não trouxe alterações ao rumo da política monetária da zona euro, nem novidades sobre a nova ronda de liquidez para os bancos, mantendo as taxas de juro diretoras inalteradas.  No encontro de março, Frankfurt já tinha revelado que as taxas de juro apenas deverão subir para além do final do ano. Até lá o banco central irá manter as taxas em mínimos históricos: a taxa de juro diretora continua nos 0%, com a taxa aplicável à facilidade de depósito a permanecer nos -0,40%, enquanto a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez fica em 0,25%.

David Silva realça que “depois de 2018 ter finalizado com o mês de dezembro mais negro na história dos mercados financeiros, 2019 registou o primeiro trimestre com o melhor desempenho desde a última crise financeira, a ficar marcado pela recuperação dos mercados acionistas a nível mundial, acompanhado de um melhoramento do sentimento de risco nos vários segmentos de mercado”.

https://jornaleconomico.pt/noticias/sem-surpresas-bce-deixa-taxas-de-juro-inalteradas-432031

(Atualizado às 14h42)

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