Segunda reunião deste ano, segunda descida de 25 pontos base (p.b.) nos juros diretores da zona euro. O Banco Central Europeu (BCE) optou esta quinta-feira por cortar as taxas diretoras da moeda única novamente, a segunda descida deste ano e a sexta do atual ciclo monetário, colocando os juros de referência em 2,5%.
Este é o nível mais baixo desde o início de 2023, com a autoridade monetária europeia cada vez mais confiante que a inflação está sob controlo e privilegiando a atividade, que há largos trimestres vai desiludindo. A leitura mais recente da inflação mostrou uma descida menos expressiva do que projetavam investidores e analistas, mas tal constituiu, ainda assim, uma inversão da tendência recente de subidas do indicador de preço, ainda que causadas por efeitos base.
A nota que informou da decisão contém algumas alterações à linguagem utilizada em comunicados anteriores, falando agora numa postura monetária “significativamente menos restritiva”, em linha com comentários recentes de figuras de proa do banco central, como a vice-presidente Isabel Schnabel.
O foco dos mercados está colocado no rumo da política monetária após esta reunião, dadas as alterações de fundo na economia global desde o início do ano. Os investidores tomavam como altamente provável a continuação das descidas sucessivas até ao verão, o que deixaria a taxa de referência em 1,75% após a reunião de junho, mas as tensões geopolíticas globais podem alterar este rumo.
Em primeiro lugar, os EUA, o principal parceiro comercial europeu, tem vindo a ameaçar com a imposição de tarifas – que, a confirmarem-se, terão um impacto considerável no crescimento do bloco, sobretudo pela via externa. Como tal, os investidores estarão atentos a possíveis sinais do BCE sobre este aumento do protecionismo.
Em segundo, a necessidade de aumentar gastos com defesa esbarra numa margem orçamental muto reduzida no espaço da moeda única, onde a maioria dos Estados-membros enfrentam rácios de dívida para lá do limite definido por Maastricht de 60%. Bruxelas optou por acionar as cláusulas nacionais de escape para gastos de defesa, que deixam assim de contar para a contabilidade nacional e para os limites orçamentais da UE, mas a pressão nos orçamentos nacionais será incontornável.
Na mesma linha, o banco central reviu as suas projeções macro para os próximos anos, cortando no crescimento e agravando o perfil da inflação. A zona euro crescerá 0,9% este ano, uma descida em relação à anterior previsão de 1,1%, e 1,2% e 1,3% nos próximos dois anos, respetivamente – também refletindo um corte para 2026 em relação à anterior projeção de 1,4%, feita no final do ano passado.
No que toca à inflação, esta deverá ficar em 2,3% este ano, 1,9% em 2026 e 2% em 2027, ou seja, com uma revisão em alta para 2025 de 0,2 pontos percentuais (p.p.), refletindo uma aceleração nos preços da energia, e um corte de 0,1 p.p. para 2027. Já a inflação core deve ser de 2,2% este ano, baixando para 2% no próximo e 1,9% em 2027, o que significa uma revisão em baixa de 0,1 p.p. este ano e de 0,1 p.p. em alta para 2026.
[notícia atualizada às 13h26]
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