Nova reunião, nova subida: os juros na zona euro voltaram a saltar 25 pontos base (p.b.) esta quinta-feira, depois de novo encontro entre os decisores do Banco Central Europeu (BCE) e apesar da pausa anunciada no dia anterior pela Reserva Federal. A autoridade monetária europeia correspondeu assim às expectativas do mercado, que projetavam já esta decisão.
As taxas de referência no bloco da moeda única ficam, portanto, definidas entre 3,5% e 4%, com o aperto monetário mais agressivo da história da zona euro a conhecer novo capítulo.
O BCE já havia subido taxas em 375 p.b. no último ano, face a uma inflação demasiado elevada para os objetivos de 2% do banco. Recorde-se que, no pico do fenómeno inflacionista, a taxa de inflação homóloga chegou a 10,6%, tendo, entretanto, recuado para 6,1%.
Ao mesmo tempo, o indicador subjacente só há dois meses começou a decrescer, sublinhando a persistência da pressão nos preços para além da questão energética e dos bens alimentares não-transformados. Na mais recente leitura, referente a maio, este subindicador caiu para 5,3%.
A atividade económica na zona euro tem dado sinais recentes de abrandamento, voltando a despertar medos de uma recessão, ainda que ligeira, durante 2023. A maior economia do bloco, a alemã, está já tecnicamente em recessão, depois de dois trimestres seguidos de crescimento negativo de 0,1%, e o contágio é uma possibilidade forte.
Na mesma linha, os índices de gestores de compras (PMI) recuaram em maio pela primeira vez desde o início do ano, sinalizando nova perda de fulgor da economia europeia. Mantendo-se em terreno positivo (acima de 50), o indicador caiu 1,3 pontos para 52,8, com decréscimos na indústria e nos serviços.
A decisão desta quinta-feira surge no dia seguinte à Reserva Federal norte-americana ter optado por manter os juros de referência inalterados, depois de dez reuniões consecutivas de aumentos. A inflação do outro lado do Atlântico está mais baixa do que na zona euro, tendo recuado para 4% em maio, enquanto a atividade económica, embora em quebra, mostra mais resistência aos choques negativos do que a europeia.
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