O BCP apresentou lucros de 906,4 milhões de euros no ano passado, o que traduz uma subida de 5,9%. Em Portugal o lucros foi de 786,4 milhões a subirem 8,5% face a 2023. O que o CEO, Miguel Maya, considerou um resultado razoável. Este é o último ano de mandato da atual administração.
O banco lembra que os resultados do ano anterior tinham sido influenciados pelo ganho extraordinário registado nesse ano, no montante de 139,11 milhões de euros associado à venda, por parte do Bank Millennium, de 80% das ações da Millennium Financial Services, no âmbito da parceria estratégica na área de bancassurance.
A margem financeira estabilizou, subindo apenas 0,2% para 2.830,9 milhões de euros. Sendo que em Portugal caiu 9% para 1.335,3 milhões, o que não surpreendeu o CEO que já tinha dito que o pico da receita da margem já tinha sido atingido. As comissões subiram 4,8% no consolidado e 5% em Portugal, para 808,5 milhões e 588,3 milhões, respetivamente.
Os custos também subiram, 12,4% para 1.307,2 milhões. Só em Portugal o custo sobe 9,1% para 673,1 milhões. A maior subida foi nas subsidiárias internacionais.
O banco polaco regista um lucro de 167,1 milhões de euros. apesar dos encargos de 750,2 milhões associados à carteira de créditos hipotecários em francos suíços (dos quais 459,82 milhões de provisões) e dos custos relacionados com a prorrogação das moratórias de
créditos hipotecários em zlótis que ascenderam a 26,23 milhões.
Em Moçambique o Millennium bim obteve um resultado líquido de 48,5 milhões em 2024, apesar do registo de provisões decorrentes do downgrade da dívida pública moçambicana.
A rentabilidade dos capitais próprios (ROE) do grupo BCP ascendeu a 13,8%.
A evolução do resultado líquido do Grupo BCP face ao ano anterior beneficiou bastante da redução das imparidades e provisões (imparidades de crédito em Portugal caem 24%), refletindo sobretudo o menor reforço da provisão constituída pela filial polaca para fazer face ao risco legal associado aos créditos hipotecários em moeda estrangeira, sendo que a imparidade do crédito também evoluiu favoravelmente. O aumento dos proveitos core também contribuiu para o crescimento do resultado do Grupo BCP face ao ano anterior. Os proveitos core sobem 42% para 3.639,4 milhões.
O rácio de capital CET14 é de 16,3% e o rácio de capital total é de 20,6%, “incorporando o efeito do programa de recompra de ações no montante de 200 milhões autorizado pelo supervisor”, que vai ser iniciado. Os rácios apresentados correspondem a um aumento de 89pb e 72pb, respetivamente face ao período homólogo.
Em termos de qualidade da carteira, os ativos não produtivos tiveram uma redução face a dezembro de 2023 para 127 milhões em NPE e de 52 milhões em imóveis recebidos por recuperação. O rácio de NPE é 1,82%. O malparado há mais de 90 dias é 40% disto. A cobertura por imparidades é de 82%. O banco destaca que em Portugal o rácio de NPE é de 1,7%.
O custo do risco situou–se em 32pb no Grupo BCP em 2024 que compara com 42pb no período homólogo. Em Portugal o custo do risco caiu de 0,54% para 0,31%.
No balanço os recursos de clientes subiram +8,0% para 102,9 mil milhões de euros, com os depósitos a serem de 85.334 milhões (+7,7%). Em Portugal o total de recursos de clientes aumentaram 5,8% para 70,5 mil milhões. A carteira de crédito cresceu 0,7% para 57,2 milhões de euros, sendo que Portugal caiu 0,7% para 38,72 mil milhões.
Contribuições obrigatórias
O montante global das contribuições obrigatórias passou de 72,6 milhões em 2023 para 40,0 milhões de euros em 2024, correspondendo a uma redução de 44,9% face ao ano anterior.
“Esta evolução decorre, em larga medida, do facto de o Conselho Único de Resolução ter determinado que, em 2024, tendo o Fundo Único de Resolução (FUR) atingido o seu nível-alvo, não iriam ser cobradas contribuições ex-ante, a contrastar com os 17,7 milhões de euros
suportados pelo BCP em 2023″, diz o banco.
Por outro lado, “o impacto favorável decorrente da redução dos passivos, após reembolso dos financiamentos obtidos junto do Banco Central Europeu (BCE), que teve lugar no final de 2022, apenas se repercutiu totalmente no custo suportado com as contribuições obrigatórias deste ano, uma vez que o cálculo do montante a pagar quer da contribuição exigida para o Fundo de Resolução Nacional (FRN), quer da contribuição sobre o setor bancário (CSB) e da contribuição adicional de solidariedade a aplicar sobre o sector bancário (CASB) considera
os valores médios do balanço do ano anterior ao qual respeita a contribuição, tendo em conta as observações de fim de mês”, refere o banco.
Assim, apesar de o facto de a taxa de contribuição até ter aumentado (de 0,029% para 0,032%), a contribuição para o Fundo de Resolução português diminuiu cerca de 30% no último ano, de 9,5 milhões de euros, para 6,5 milhões de euros, enquanto o custo suportado com a contribuição sobre o setor bancário diminuiu de 37,9 milhões de euros, para 27,8 milhões de euros, sendo que a contribuição adicional de solidariedade a aplicar sobre o sector bancário ascendeu a 5,1 milhões de euros que compara com 6,9 milhões de euros apurados no ano anterior.
A contribuição para o fundo de garantia de depósitos, por sua vez, apesar de se situar acima do montante apurado um ano antes, ascendeu a 0,6 milhões de euros, “não tendo um impacto significativo no âmbito desta análise”.
O BCP explica que “apesar da Comissão Diretiva do Fundo de Garantia de Depósitos ter solicitado a liquidação em 2024 de 50% dos compromissos irrevogáveis assumidos pelo banco, cujo montante total ascendia a 95 milhões de euros, a liquidação daquele valor não teve impacto material nos outros proveitos de exploração líquidos no ano corrente, na medida em que foi coberta por provisões constituídas para contingências.
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