O presidente executivo do Banco Comercial Português (BCP), Miguel Maya, defende o prolongamento das moratórias às empresas e trabalhadores do sector do turismo, enquanto a pandemia não estiver “controlada”. A posição foi assumida esta terça-feira, durante o webinar “O Estado do Turismo”, organizado pela Confederação do Turismo de Portugal.
“O BCP continuará a ser um defensor da prorrogação das moratórias para o sector do turismo enquanto a situação da pandemia não estiver controlada, não só para as empresas como também para os trabalhadores do sector”, afirmou.
Para Miguel Maya as moratórias são um “instrumento essencial” para apoiar as empresas na atual conjuntura pandémica, uma vez que “exigir o pagamento de créditos, num período em que as empresas não têm receitas em resultado de uma falha de mercado, é algo que não faz qualquer sentido”.
“O verdadeiro risco seria retirar os apoios ao setor, entre os quais as moratórias, antes de estar superada a falha de mercado, ou seja antes dos clientes poderem gerar receitas”, acrescentou.
O líder do BCP assumiu a defesa das moratórias, considerando que existe um “preconceito relativamente às moratórias com as consequências que dai decorrem”, alimentado por “um ruído de fundo que sobe de tom”, sobre os riscos e consequências para o sector financeiro.
Ora Miguel Maya discorda dessa corrente de opinião e defende, por isso, que “esse ruído vai-se impregnando e contaminando a qualidade da reflexão, transforma-se num risco real”.
“Há que tratar de forma diferente o que não é igual. Há que procurar preservar de forma intransigente as capacidades do setor, até para garantir que resolvida a crise sanitária a retoma se faça a passo acelerado”, defendeu Miguel Maya sobre as moratórias.
O presidente do BCP não é contra o estabelecimento de critérios para aceder a apoios governamentais, que deverão ser “tão generosos quanto possível”. “Sabemos as condicionantes que resultam das contas publicas”, frisou.
Assim, apelou a que o sector do turismo possa contar com “linhas Covid, apoios ao emprego, linhas de suporte à inovação produtiva e à qualificação da oferta, e mecanismos de transformação de apoios públicos em capital”. Miguel Maya garantiu que o BCP “será um parceiro ativo das empresas para potenciar o melhor aproveitamento dos apoios europeus e nacionais por parte dos operadores turísticos”.
Isto porque o banqueiro defende ser fulcral salvaguardar as empresas do sector, para preservar a confiança de clientes e empresas, nacionais e internacionais, no turismo nacional. “A palavra chave é confiança. Mas tal requere preparação, não só dos operadores turísticos como também de todas as entidades que têm influência na perceção de confiança no país, nas suas infraestruturas e instituições”, referiu.
Nesse sentido, sobre a questão da confiança, Miguel Maya vê com “apreensão”, “não se estar a acelerar a obra do novo aeroporto de Lisboa. O presidente do BCP não se referia à questão da localização, mas sim à urgência do empreendimento. Além disso, Maya critica o facto de o Governo não ter considerado “prioritária a vacinação dos trabalhadores do sector do turismo”
“Questiono-me se estamos a promover a reengenharia dos processos de entrada e saída de pessoas nos aeroportos – refiro-me à implementação de tecnologia que evite filas, que valide os passaportes de imunidade, pagamentos contact less, em suma processos que assegurem o máximo de segurança e reforcem a confiança”, sublinhou.
Citando números de 2019, Miguel Maya lembrou que o sector do turismo pesava, em termos indirectos, directos e induzidos, “16,5% do PIB” antes do impacto da pandemia. E cerca de “18,6%” dos empregos em Portugal estavam relacionados com o sector do turismo.
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