O resultado líquido do Grupo BCP ascendeu a 183 milhões de euros o que traduz uma queda de 39,4% face aos resultados de 2019 que foram de 302 milhões de euros. Esta evolução é influenciada pelo contexto de pandemia Covid-19 e por provisões para riscos legais associados a créditos em francos suíços concedidos na Polónia.
O reforço expressivo das imparidades e provisões, que totalizaram 841,2 milhões (+55,3%), afectou a rentabilidade do banco.
A rentabilidade dos capitais próprios (ROE) fixou-se em 3,1%, inferior aos 5,1% em 2019.
O montante de 841,2 milhões inclui 509,9 milhões de euros de imparidades para crédito; e o reforço da provisão extraordinária constituída pela subsidiária polaca para fazer face ao risco legal associado aos créditos hipotecários concedidos em moeda estrangeira, que ascendeu a 151,9 milhões de euros em 2020 (51,9 milhões de euros em 2019). E ainda 179,4 milhões de euros de outras imparidades.
O custo do risco subiu 55,3% para 0,91% (no consolidado). Em Portugal onde as imparidades somaram 472,8 milhões de euros no ano, o custo do risco subiu +27,4% para 0,92%.
Para a evolução do resultado líquido consolidado contribuiu ainda o ganho de 13,5 milhões de euros, que havia sido reconhecido em fevereiro de 2019, na sequência da alienação do Grupo Planfipsa, refletido como resultados de operações descontinuadas ou em descontinuação.
Na atividade em Portugal, o resultado líquido cifrou-se em 134,5 milhões de euros em 2020, situando-se 7,2% aquém dos 144,8 milhões de euros apurados em 2019, tendo sido particularmente penalizado pelo reforço das imparidades e provisões, “nomeadamente por via da revisão dos parâmetros de risco de crédito dos modelos de imparidade, que passaram a refletir o novo cenário macroeconómico ditado pelos riscos associados à pandemia”.
Mas também pela reavaliação dos fundos de reestruturação empresarial, “na medida em que o valor dos ativos subjacentes passou a ser igualmente determinado tendo em conta as circunstâncias extraordinárias provocadas pela pandemia”, diz o banco. Miguel Maya anunciou que a reavaliação dos fundos de reestruturação trouxe perdas de 72 milhões de euros.
“Temos fundos de reestruturação empresarial, cujo valor de balanço em dezembro de 2020, líquido de imparidades, é de 828 milhões de euros”, disse Miguel Maya. Este valor traduz uma queda de 10,4% face a 2019.
“O resultado antes de imparidades e provisões aumenta 1,5%, para 1.186,2 milhões de euros”, o que revela o reforço expressivo das imparidades e provisões, que totalizaram 841,2 milhões de euros, explicou a instituição.
O banco realça o resultado core do Grupo que evoluiu favoravelmente, ao situar-se 2,8% acima dos 1.085,9 milhões de euros apurados em 2019, totalizando 1.116,5 milhões de euros em 2020, “sendo de salientar o contexto particularmente adverso em que se verificou este crescimento”.
O resultado core consolidado foi impulsionado pelo desempenho da atividade em Portugal, que evidenciou um crescimento de 5,9%, de 601,4 milhões de euros em 2019, para 636,6 milhões de euros em 2020, “refletindo a expansão dos proveitos core, assente sobretudo no desempenho da margem financeira, uma vez que as comissões permaneceram em níveis semelhantes aos do ano anterior”.
O banco liderado por Miguel Maya destaca os custos operacionais controlados, uma queda de 4% que justifica o rácio de eficiência. “Um dos bancos mais eficientes da zona euro, com cost to core income em base comparável de 48%”, realça o BCP.
Em termos de receitas, o Produto Bancário caiu 1,3%, graças à queda da margem financeira (de 1%) e à redução da receita de comissões (-0,1%). A receita da margem financeira fixou-se em 1.533,2 milhões e a receita em comissões 702,7 milhões.
Mais uma vez o banco destacou a sua redução dos NPE (non performing exposure), vulgo malparado, que caiu 900 milhões de euros em termos consolidados (-21,7%) para 3,3 mil milhões.
Em Portugal, em contexto adverso a redução foi de 883 milhões desde o final de 2019 (-27,2%) e menos 338 milhões no trimestre. “Este decréscimo resulta de 0,1 mil milhões de write-offs e de vendas de 0,8 mil milhões de euros”, explica o banco.
O rácio de NPE sobre o total do crédito em 2020 está nos 5,9% o que compara com 7,7% um ano antes. Já segundo a metodologia da EBA o NPE fixou-se em 4%. O malparado acima de 90 dias pesa apenas 3,1% no total da carteira.
O banco realçou que a cobertura por imparidades evoluiu para 63%.
O crédito a clientes bruto subiu +2,6% para 56,1 mil milhões de euros, e só em Portugal subiu +4,8% para 38,47 mil milhões de euros.
O BCP reporta mais uma vez o aumento do crédito performing em Portugal em 2,6 mil milhões, uma subida de 7,9% face ao final de 2019, com crescimento de 16,4% do crédito performing a empresas. O banco destaca a liderança nas linhas de crédito Covid-19, com mais de 18.000 operações desembolsadas (quota de mercado superior a 30%).
Por outro lado, deu-se também um crescimento dos recursos totais de clientes do Grupo BCP em 2,8 mil milhões, +3,4% face ao final de 2019 (+7,4% em Portugal) e em 1,2 mil milhões face a setembro de 2020.
O rácio de crédito líquido sobre depósitos está em 85%.
O rácio CET1 e rácio de capital total fully implemented estimados são de 12,2% e 15,6%.
O contributo das operações internacionais para o resultado líquido do BCP foi de 48,5 milhões de euros, o que traduz uma queda de 66,2% face a 2019.
(actualizado)
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