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BCP quer integrar factoring, gestão de tesouraria e financiamento de curto prazo para PME

A aposta nas PME é reforçada em Portugal e na Polónia. “Espera-se que o crescimento no segmento de empresas supere o retalho em termos de volumes e receitas líquidas”, antevê o BCP para o Bank Millennium na Polónia.
Cristina Bernardo
4 Dezembro 2024, 07h00

O BCP pretende reforçar a sua posição em segmentos com maior vantagem competitiva, como as pequenas e médias empresas (PME), não só em Portugal como na Polónia, onde tem 50,01% do Bank Millennium, segundo o Plano Estratégico do BCP para os anos 2025-2028.

Neste contexto, o Millennium BCP “planeia transformar as suas propostas de financiamento de tesouraria e supply chain financing”, segundo o documento.

“Este objetivo será viabilizado pela oferta de capacidades tecnológicas, integrando factoring, gestão de tesouraria e financiamento de curto prazo, permitindo a gestão agregada de faturas ou individualmente e potenciando a integração com os ecossistemas de tesouraria das empresas”, revela o banco.

Numa altura em que começam a surgir fintechs com serviços exclusivos para PME, como a Rauva, o BCP pretende correr para apanhar o comboio.

A fintech portuguesa Rauva desenvolveu uma plataforma de gestão empresarial integrada, focada em ajudar as PME e empreendedores a iniciar, gerir e expandir os seus negócios, integrando num só lugar contas empresariais, software de faturação certificada e serviços de contabilidade.

“Compreendendo a evolução das necessidades dos seus clientes, o BCP irá elevar os seus níveis de serviço e experiência em todos os segmentos através da expansão de funcionalidades do novo website para empresas, permitindo um serviço digital-first”, garante o BCP, que destaca em particular a evolução da oferta de gestão de tesouraria digital, como a contratação de produtos de crédito (p.ex., crédito de curto prazo, cartões) e a gestão de processos melhorada (p.ex., envio de documentos para o gestor de conta através do website).

“Esta evolução no serviço digital permite também a ativação de um segmento mais amplo de clientes empresariais existentes, que cada vez mais dão preferência a um serviço rápido e digital”, diz o BCP, que “pretende proporcionar um modelo de serviço distintivo aos negócios de menor dimensão, visando duplicar o stock de crédito neste segmento”.

 

Bank Millennium quer ser relevante no crédito a PME

Na Polónia, o Bank Millennium, que se afirmou no retalho, quer, até 2028, ser o banco de referência na aquisição e relação com o cliente no mercado das PME e particulares, investindo na inovação e na prestação de serviços de elevada qualidade.

“Nos últimos anos, o Bank Millennium enfrentou com sucesso múltiplos desafios, incluindo tensões geopolíticas, inflação elevada, suspensão de pagamentos de crédito e impactos negativos de créditos hipotecários em moeda estrangeira. O banco conseguiu superar a maioria das suas ambições estratégicas, confirmando o histórico de longa data de execução bem-sucedida. O Bank Millennium está agora numa posição sólida para crescer em áreas de atividade já relevantes e procurar outras oportunidades em áreas com potencial para criação de valor consistente”, lê-se no Plano do BCP.

“O Bank Millennium destaca-se no setor bancário da Polónia por proporcionar uma experiência de cliente excecional, consistentemente classificando-se entre os Top 3 no Net Promoter Score”, refere o BCP, que adianta que, nos últimos cinco anos, o banco polaco “alcançou um crescimento notável, com ativos totais e clientes de retalho ativos crescendo, em média, 9% e 10% ao ano, respetivamente”.

Este crescimento consolidou a forte posição do Bank Millennium no setor de retalho bancário, com mais de 3 milhões de clientes ativos, e estabeleceu uma base sólida no financiamento de ativos de empresas (leasing e factoring), além de um modelo de negócio de elevada rentabilidade”.

Apesar de desafios como as tensões geopolíticas, os níveis de inflação altos, a suspensão de pagamentos de crédito e o legado de créditos hipotecários em moeda estrangeira, o Bank Millennium superou a maioria dos objetivos definidos no plano estratégico anterior, realça o seu acionista.

“Esta resiliência é sustentada pelas vantagens distintivas do Bank Millennium, incluindo uma estratégia eficaz de aquisição de clientes, qualidade superior de serviço, uma experiência digital líder para o cliente e capacidades tecnológicas avançadas. Essas competências centrais continuarão a impulsionar o desempenho e o sucesso futuro do banco”, refere o BCP.

A economia da Polónia tem demonstrado consistentemente um crescimento robusto. O setor bancário permanece financeiramente forte e atrativo, caracterizado por níveis de capital sólidos, crédito de qualidade e elevada liquidez. “Espera-se que o crescimento no segmento de empresas supere o retalho em termos de volumes e receitas líquidas”, antevê o BCP para a sua subsidiária na Polónia.

“A estratégia do Bank Millennium aspira explorar o potencial dessas tendências”, refere o BCP no Plano Estratégico.

“Simultaneamente, o banco continuará a adotar uma abordagem proativa na identificação, gestão e mitigação de riscos, incluindo a navegação em um cenário jurídico e de compliance dinâmico, a gestão dos impactos da reforma do WIBOR e a adesão a requisitos de capital e financiamento cada vez mais rigorosos”, acrescenta.

O BCP diz que a estratégia do Bank Millennium para 2025-2028 está centrada em inovação contínua e um crescimento destacado. “Ao focar-se na inovação e oferta de serviços de alta qualidade em plataformas digitais, o banco pretende tornar-se o banco principal dos particulares e empresas na Polónia com quem colabora”.

O Bank Millennium planeia sustentar um crescimento robusto na banca de retalho, “beneficiando da relação de banco principal com os clientes e duplicando o volume de negócios na banca comercial”.

O Bank Millennium compromete-se ainda com metas de crescimento ambiciosas, mantendo uma forte disciplina de custos.

Já para Moçambique, onde o BCP tem o Millennium BIM, que foi pioneiro na introdução de ATM, POS, cartões de débito e crédito naquele país, a prioridade é ser o banco principal das famílias e das empresas e o banco de referência para investidores internacionais na economia moçambicana, com controlo de risco reforçado.

Num país à beira de uma guerra civil, fruto das eleições legislativas, o maior acionista do BIM, o BCP, diz que “num contexto com incerteza, mas elevado potencial económico em Moçambique, tendo em conta as previsões de crescimento do produto interno bruto e a concretização de projetos de grandes dimensões no país, o banco entra no novo ciclo com a ambição de consolidar ainda mais a sua posição com clientes particulares e empresariais”.

O Millennium BIM “investirá em propostas de valor inovadoras centradas na experiência do cliente através de canais físicos e digitais. Isto inclui o crescimento da base de clientes, suportado por processos mais eficientes ao longo das jornadas e a evolução das ofertas digitais”.

Para Moçambique, o BCP, visando aumentar a presença em clientes exportadores, prevê criar “propostas de valor com soluções específicas, suportadas por um nível elevado de excelência de serviço e equipas especializadas”.

“Por fim, para continuar a aumentar a resiliência, o Millennium BIM está comprometido no reforço dos mecanismos de controlo internos para permitir uma resposta e gestão proativa de riscos, fortalecendo as segundas e terceiras linhas de defesa e melhorando as ferramentas para monitorização de fraudes e incidentes cibernéticos”, diz o banco.

À medida que o Millennium BCP materializa os ganhos de uma trajetória de recuperação, “o foco para o próximo Ciclo Estratégico continua a ser a preservação da robustez do balanço e a manutenção da rentabilidade”.

O novo plano estratégico, “Valorizar 28”, é direcionado aos clientes, colaboradores e acionistas.

No ActivoBank, banco online, a expectativa é que os recursos de clientes projetem crescer mais de 60% nos recursos de clientes, mais de 70% no crédito (incluindo crédito pessoal e crédito à habitação) e dobrar a adoção de soluções integradas.

O banco digital do BCP está empenhado em transformar o seu modelo de serviço e a experiência do cliente “através de uma maior digitalização dos serviços de atenção ao cliente e de ferramentas modernizadas, utilizando IA generativa para apoiar tanto os clientes como os operadores de call center”.

“A simplificação das operações e a melhoria da disponibilidade dos canais digitais ao longo das jornadas permitirão ao ActivoBank proporcionar uma experiência bancária mais adaptável e eficiente”, refere o BCP.

“Alcançando um resultado líquido acumulado durante o ciclo de 4-4,5 mil milhões de euros e prevendo uma distribuição significativa aos acionistas de até 75%, o Millennium BCP está a preparar o caminho para uma nova era de crescimento e prosperidade”, conclui o banco liderado por Miguel Maya.

O BCP reforça que alcançará esses objetivos preservando uma posição de capital robusta (CET1 acima de 13,5%), “garantindo que tem os recursos para cumprir os requisitos regulamentares e com uma margem considerável para suportar incertezas, nomeadamente num ambiente de crescente instabilidade geopolítica e riscos cibernéticos elevados”.

No Plano Estratégico, o BCP sublinha que, em Portugal, “antecipamos operar num ambiente económico moderadamente positivo, permitindo-nos aumentar a quota de mercado de particulares e empresas para aproximadamente 20%”.

“Pretendemos alcançar um rácio de eficiência (C/I de referência) de menos de 37% e manter um custo do risco sustentável (abaixo de 45 pontos base). Estas metas fortalecerão uma posição de liderança e melhorarão a vantagem competitiva do banco no mercado”, afirma o BCP.

O plano “Valorizar 28” exigirá uma mobilização significativa de recursos, incluindo investimentos tecnológicos significativos e a alocação adicional de perfis para áreas de crescimento e resiliência, juntamente com iniciativas adicionais de internalização.

Um foco chave será também o aumento da produtividade através da automação, IA generativa e esforços de simplificação de processos.

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