A economia portuguesa deverá crescer 2% este ano, apesar do menor contributo das exportações e do consumo. A previsão é do Banco de Portugal (BdP), que coloca Portugal a crescer ligeiramente acima do que a meta do Governo, justificada pela revisão metodológica do Instituto Nacional de Estatística (INE).
No “Boletim Económico de outubro”, divulgado esta quinta-feira, a entidade liderada por Carlos Costa explica que o maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) face às projeções de 1,7% em junho, “decorre essencialmente da incorporação da nova série de contas nacionais publicada recentemente pelo INE”. Em setembro, com a nova metodologia do organismo de estatística nacional, a expansão da economia nacional foi revista em alta para 1,9% em 2016, para 3,5% em 2017 e para 2,4% em 2018.
“A incorporação desta nova informação tem implicações significativas sobre o nível de crescimento e o perfil intra-anual dos principais agregados macroeconómicos, pelo que a projeção não é diretamente comparável com a publicada em junho”, explica o BdP. Em junho, o regulador projectava um crescimento de 1,7%, com todas as componentes do PIB, à excepção do consumo público, a terem um maior desempenho do que no relatório de outubro.
No cenário atualmente projectado pelo regulador, apesar da expansão da economia portuguesa registar um ritmo inferior ao dos últimos anos, cresce uma décima acima da meta de 1,9% inscrita pelo Governo no Programa de Estabilidade, enviado para Bruxelas em abril.
Depois de crescer 2% no primeiro semestre do ano, o BdP estima uma expansão da economia nacional de 1,9% nos últimos seis meses do ano, com todas as componentes do PIB a manterem o desempenho, à excepção da Formação Bruta de Capital Fixo que deverá cair de 9,5% para 5%.
Contributo das exportações e do consumo cai
Reconhecendo a deterioração da atividade e comércio mundial, o BdP estima que as exportações de bens e serviços cresçam 2,3% este ano, menos 1,5 pontos percentuais do que no ano passado. No entanto, há setores nos quais “os exportadores portugueses deverão continuar a registar ganhos de quota nos mercados externos”, nomeadamente o turismo e a produção automóvel. Já as importações deverão crescer 4,6% este ano, menos 1,2 p.p. do que no ano passado.
Relativamente ao contributo da procura interna, o aumento do investimento deverá permitir compensar a ligeira redução do consumo.O BdP estima um aumento do investimento de 7,2% este ano, mais 1,4 p.p. do que em 2018, impulsionado pela construção. Esta deverá ser influenciada “pela execução de alguns projetos de infraestruturas de grande dimensão, nalguns casos associados a investimento público e beneficiando do financiamento europeu”.
No entanto, por outro lado, o contributo do consumo deverá cair, com o consumo privado a aumentar 2,3%, abaixo dos 3,1% registados no ano passado, enquanto o consumo público deverá cair de 0,9% para 0,5%.
Ameaças são sobretudo externas
O BdP considera que os riscos descendentes para a atividade económica são maioritariamente de origem externa, nomeadamente uma “desaceleração cíclica da atividade económica nos principais mercados de exportação”, a intensificação das tendências protecionistas, um Brexit sem acordo e um agravamento das tensões geopolíticas.
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