A moção ‘A’, encabeçada pelo bloquista José Manuel Pureza, vai propor a criação da figura de um “secretário da organização”, que terá como objetivo “dialogar permanentemente com as estruturas locais” e auxiliar o trabalho do coordenador.
Em declarações à agência Lusa, a dirigente bloquista Marisa Matias explicou que a moção ‘A’ pretende apresentar o nome de uma mulher para ocupar esse cargo na próxima Convenção Nacional do partido, que se vai realizar em Lisboa, no fim de semana.
“[Será] alguém que vai ter a responsabilidade, na prática, de dialogar permanentemente com as estruturas locais e articular essa comunicação para que a organização possa funcionar sem que isso tenha de estar dependente da coordenação”, detalhou.
Desta forma, notou Marisa Matias, o BE terá a figura de coordenador – que deverá ser José Manuel Pureza, uma vez que a moção ‘A’ elegeu 80% dos delegados à Convenção -, um deputado no parlamento – que, à partida, será Fabian Figueiredo, segundo nome na lista por Lisboa -, e esta terceira figura de secretária da organização do partido.
Marisa Matias explicou que a proposta surge também num contexto em que a direção do BE é criticada por um excesso de centralização de competências numa única figura, a do coordenador, que formalmente nem sequer existe nos estatutos do partido.
“Daí apresentarmos uma proposta em que se passa a ter uma espécie de organização em que a coordenação não centraliza todas as funções. Isto é uma novidade e é uma mudança significativa do ponto de vista da organização”, realçou.
Para a bloquista, que integra a atual direção, será positivo para o partido ter uma coordenação com uma atividade política “não tão centralizada nas instituições” – como é o caso atual, em que a líder, Mariana Mortágua, é também deputada única no parlamento – mas que esteja mais alicerçada no território e na militância”.
A antiga candidata presidencial manifestou-se ainda convicta de que o espaço político do BE “não deixou de existir”.
“Existindo esse espaço é preciso não só encontrar novas formas de garantir que as pessoas que ainda cá estão podem participar ativamente e sentir que a sua voz é sentida e exportada nos processos de decisão, mas também que seja um espaço de abertura para que possam regressar pessoas que se identificam com o Bloco e com este espaço político, mas que por alguma razão se zangaram connosco ou se afastaram, mas que não significa que seja um afastamento definitivo”, sublinhou.
Marisa Matias realçou ainda a importância de manter diálogos permanentes e alargar “espaços de intervenção” num contexto de “hegemonia de direita” e uma “ascensão muito determinada da extrema-direita”.
Afirmando que a crítica faz parte da democracia, a dirigente manifestou-se confiante de que existem condições no partido para uma “espécie de refundação na forma de organização”.
Apesar de reconhecer que a lista apresentada pela moção ‘A’ aos órgãos nacionais “tem alguns nomes de continuidade”, incluindo o seu, e “não há uma mudança radical do ponto de vista da orientação política”, Marisa Matias realçou que “há uma mudança significativa na forma de fazer a política” e algumas caras novas que estarão pela primeira vez em órgãos nacionais.
Sobre José Manuel Pureza, Marisa Matias considerou que o antigo vice-presidente do parlamento é a melhor pessoa para “protagonizar esse processo de mudança da organização”, elogiando a sua “enorme capacidade de diálogo e de abertura”.
“Pelas suas características pessoais tem as condições, acho eu, ideais para protagonizar esta nova fase que se quer para o Bloco”, defendeu.
Num contexto de “sucessivas derrotas eleitorais”, Marisa Matias considerou importante que o partido tenha capacidade de adotar “mudanças efetivas na forma de funcionamento”, quer ao nível da organização ou da comunicação.
A 14.ª Convenção Nacional do BE está marcada para os dias 29 e 30, em Lisboa, reunião magna na qual os bloquistas vão eleger os novos órgãos nacionais e o sucessor de Mariana Mortágua na coordenação do partido, depois de a bloquista ter anunciado que não estava disponível para se recandidatar ao cargo que ocupou durante dois anos.
Além da moção ‘A’, intitulada “Resistir para virar o Jogo”, apresentam-se à convenção quatro textos opositores à atual direção, todas a apontar falta de democracia interna e a pedir mais atenção às bases.
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