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BE critica nomeação para o Banco do Fomento lembrando ligações a Luís Filipe Vieira

A líder do BE, que hoje esteve em Vila do Conde, no distrito do Porto, na apresentação dos candidatos autárquicos locais, estranhou a entrega de um mecanismo para a recuperação da economia e do emprego do país – o Banco do Fomento – “a alguém que está ligado aos escândalos bancários sucessivos” vividos nos últimos anos.
Tiago Petinga/LUSA
11 Julho 2021, 16h25

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, criticou hoje o Governo por nomear Vítor Fernandes para a liderança do Banco do Fomento, lembrando as alegadas ligações do responsável ao presidente suspenso do Benfica, Luís Filipe Vieira.

“Estava na administração do Novo Banco quando Luís Filipe Vieira recomprou dívida de mais de 50 milhões, por apenas nove milhões, num negócio tão mal explicado que agora uma das medidas [de coação] a que Luís Filipe Vieira está sujeito é não poder estar em contacto com Vítor Fernandes”, disse Catarina Martins.

A líder do BE, que hoje esteve em Vila do Conde, no distrito do Porto, na apresentação dos candidatos autárquicos locais, estranhou a entrega de um mecanismo para a recuperação da economia e do emprego do país – o Banco do Fomento – “a alguém que está ligado aos escândalos bancários sucessivos” vividos nos últimos anos.

“Podem dizer que não sabiam desta ligação entre Vítor Fernandes e Luís Filipe Vieira, mas o Bloco de Esquerda já tinha dito no parlamento que era muito estranho nomear-se para o Banco do Fomento alguém que esteve nas administrações da Caixa Geral de Depósitos, com Santos Silva, com empréstimos nunca explicados para que se comprassem ações do BCP a Joe Berardo”, acrescentou.

Catarina Martins referiu que são “escândalos financeiros como estes e uma economia de casino e especulação imobiliária que afundam país”, classificando a nomeação de Vítor Fernandes como “inaceitável”.

“Nunca vamos recuperar da crise desta pandemia se acharmos que a solução estará no investimento igual ao que foi feito até agora, em que o sistema financeiro se dirige a estes grandes negócios imobiliários e bolhas especulativas, que fazem alguns muito ricos, para depois de deixar dívidas de milhões aos contribuintes e negar o direito à habituação da população”, acrescentou.

Nesse âmbito, defendeu a criação de “um parque público habitacional que garanta que todos no país tenham direito a teto digno”, lançando um repto ao Governo e às autarquias para mais medidas nesse sentido, e criticando que “se estourem milhões na bolsa da especulação imobiliária”.

“Quem vive da sua pensão ou do seu salário paga a renda no fim do mês. Não vai a uma comissão de inquérito parlamentar dizer que não se lembra do que fez com os milhões que andou a roubar aos contribuintes”, afirmou a líder do BE.

Luís Filipe Vieira foi detido esta semana no âmbito do processo “Cartão Vermelho”. Segundo o Departamento Central de Investigação e Ação Penal, os quatro detidos no caso são suspeitos de estarem envolvidos em “negócios e financiamentos em montante total superior a 100 milhões de euros, que poderão ter acarretado elevados prejuízos para o Estado e para algumas das sociedades”.

Em causa estão “factos ocorridos, essencialmente, a partir de 2014 e até ao presente”, e suscetíveis de configurar “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.

Entre as medidas de coação aplicadas neste fim de semana ao presidente suspenso do clube Sport Lisboa e Benfica está a proibição de contactos com várias pessoas, inclusive Vítor Fernandes.

Catarina Martins também deixou críticas à concessão a privados dos sistemas de distribuição de água nos municípios, considerando que “um bem essencial não pode servir para o lucro”.

“Há uns anos todos nos diziam que o futuro era privatizar a distribuição da água. Mas aqui estamos em Vila do Conde, com a água refém de uma empresa privada, que já teve a fatura mais cara do país. O que tem de ser debatido em várias autarquias é recuperação para a esfera pública da distribuição da água, para que seja possível um preço justo e tarifários sociais”, reiterou.

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