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BE diz que Governo agravou principais problemas e criou “confusão imensa” no SNS

Numa visita ao hospital de Santo André, em Leiria, onde reuniu com representantes de comissões de utentes da Marinha Grande, Batalha, Ourém, Porto de Mós e Leiria, Mariana Mortágua criticou o projeto “Ligue Antes, Salve Vidas”, lançado pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).
4 Dezembro 2024, 14h42

A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, responsabilizou hoje o Governo pelo “agravamento de todos os principais problemas do SNS” e de criar “confusão imensa” a quem precisa de cuidados de saúde.

Numa visita ao hospital de Santo André, em Leiria, onde reuniu com representantes de comissões de utentes da Marinha Grande, Batalha, Ourém, Porto de Mós e Leiria, Mariana Mortágua criticou o projeto “Ligue Antes, Salve Vidas”, lançado pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Em Leiria, distrito que “tem muitos utentes sem médico de família, acima da média nacional – são quase 30%”, a responsável do BE apontou aos planos de emergência lançados pelo Governo, que, por exemplo, levaram à instalação de um telefone à entrada das urgências do hospital de Santo André.

“O Governo o que tem feito, para além do agravamento de todos os principais problemas do SNS, é criar uma confusão imensa: alguém que se dirija a um hospital não será atendido nas urgências e será reencaminhado para uma linha telefónica. Essa linha telefónica irá reencaminhá-lo para um centro de saúde. Ninguém paga esse transporte para ir até esse centro de saúde e não há nenhuma garantia que seja atendido, porque não há médicos de família nesse centro de saúde”, descreveu Mariana Mortágua.

O resultado é que “já ninguém sabe para que linha telefónica ligar, já ninguém sabe onde é que se pode dirigir, já ninguém sabe qual o ponto do concelho ou do distrito onde pode ser atendido”.

No SNS “tudo está pior” porque “o Governo está a fazer é vender os serviços de centro de saúde ao privado que prometer exigir menos dinheiro”, entregando-os “sem nenhuma garantia de qualidade desse serviço”, disse.

Essa “transferência ativa de serviços para os privados” acontece num contexto em que existe “um problema de conflitos de interesses dentro do SNS e dentro deste Governo”:

“Há explicações que a ministra [da Saúde] tem de dar: Eurico Castro Alves, que fez o plano de emergência, é a pessoa que está agora a fiscalizar o plano de emergência. E, por sinal, é a mesma pessoa que está nos órgãos sociais da Misericórdia, que está a receber os contratos do Governo no Hospital da Prelada, no Porto, com a sua decisão de entregar serviços ao privado. E, por sinal, também é o responsável por uma empresa de consultoria que contratou a ministra e a secretária de Estado da Saúde no passado. E também tem interesses numa empresa de seguros privada e em hospitais privados”, acusou.

Em Leiria, Mariana Mortágua falou ainda da alegada existência de redes de tráfico de grávidas estrangeiras, trazidas para Portugal para ter os filhos no SNS:

“É óbvio que se há redes de exploração de serviços de saúde e que criam vítimas – que são, aliás, as próprias pessoas que são as vítimas dessas redes -, elas têm que ser encontradas e punidas. Mas não vamos encontrar desculpas. O problema do SNS em Portugal não são as redes de tráfico que trazem grávidas estrangeiras”.

Para a responsável do BE, “o problema da falta de médicos de família não tem nada a ver doentes estrangeiros”, pelo que “não vale a pena queremos ‘tapar o sol com a peneira’ e desviar as atenções e as responsabilidades”.

A falta de profissionais é “um problema de incompetência da ministra [da Saúde] e do Governo para gerir o SNS”.

“Há um problema de desperdício de recursos a pagar ao privado serviços que deviam ser prestados pelo público. Há um problema de pagarem médicos, tarefeiros e indiferenciados à hora aquilo que não se paga aos profissionais do SNS”, acrescentou.

Para o BE, “não é preciso inventar uma solução mágica” para o SNS:

“É [preciso] criar condições para que os médicos, enfermeiros e profissionais que estão a sair do SNS possam aqui estabelecer a sua profissão e carreira, e para isso têm de ter salários, remunerações e condições para ficar no SNS”, concluiu Mariana Mortágua.

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