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BE sobre a TAP: “Uma coisa é um esquecimento, outra é o estado de negação a que chegou a maioria absoluta”

Parlamento debateu esta quarta-feira a proposta de comissão de inquérito à TAP do Bloco de Esquerda, que, já se sabia, contará com a viabilização do PS.
1 Fevereiro 2023, 18h07

A deputada Mariana Mortágua criticou esta quarta-feira o “estado de negação a que a maioria absoluta de António Costa chegou”, defendendo, relativamente ao dossiê TAP, que a proposta de comissão de inquérito parlamentar do Bloco de Esquerda “tem objetivos simples”. Designadamente: “Queremos romper com o vício da negação e do esquecimento, trazer transparência à gestão da TAP, apurar responsabilidades e reverter decisões que ofendem os trabalhadores e lesam o interesse público”, declarou a bloquista durante o debate no Parlamento.

Mariana Mortágua acrescentou ainda que com a comissão de inquérito que o partido propõe, e que será aprovada na sexta-feira com o voto favorável do PS, o BE quer “respostas a todas as perguntas que os ministros não souberam fazer e ainda mais algumas”, assim como “conhecer os contratos, os salários e os prémios dos administradores” da companhia.

“Queremos saber porque é que Alexandra Reis não devolveu a indemnização quando foi para a NAV; queremos saber se os prémios prometidos são legais e compatíveis com o interesse público e queremos responsabilizar quem sabia e quem não sabia e tinha de saber”, disse ainda.

No arranque da apresentação da proposta bloquista, Mariana Mortágua lamentou que ninguém tenha perguntado a Alexandra Reis, que saiu da TAP para a NAV e da NAV para o Governo, “por alma de quem é que veio para casa com meio milhão de euros”. “Ninguém foi capaz de perguntar se esse prémio era legal à luz do estatuto do gestor público, ninguém sequer se lembrava de esse prémio alguma vez ter existido.”
Mariana Mortágua deu ainda vários exemplos que comprovam o “estado de negação” a que o Governo chegou: Na entrevista à RTP, “o primeiro-ministro negou que os salários e as indemnizações da TAP fossem um assunto do Governo”; “o ministro Fernando Medina conhecia as razões da saída de Alexandra Reis mas nega ter sabido da indemnização, tal como o ex-ministro Pedro Nuno Santos, pelo menos até ter encontrado um WhatsApp perdido no seu telemóvel”.

Alexandra Reis, por sua vez, “nega ter incumprido qualquer regra. E, já agora, a CEO da TAP nega direitos aos trabalhadores enquanto esconde um prémio milionário”, porque “o contrato é secreto”. “Nem quando perguntado aqui na AR foi capaz de dizer o valor e as condições. O que sabemos é o que vem na imprensa: receberá dois milhões da TAP por cumprir as funções para as quais já recebe 500 mil euros ao ano”, lamentou Mortágua.

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