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Biden e Merkel divergem sobre gás natural russo, mas reiteram oposição à “agressão russa”

“Bons aliados podem discordar”, afirmou o presidente dos EUA no recente encontro com a chanceler da Alemanha. Whashington desconfia que gasoduto Nord Stream dá força à Rússia para pressionar países como Ucrânia. Alemanha defende gasoduto é projeto adicional e não pode criar “tensão”.
Angela Merkel e Joe Biden em conferência de imprensa, na Casa Branca
16 Julho 2021, 10h57

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel está em visita oficial aos Estados Unidos. Na quinta-feira, Merkel encontrou-se com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para debater temas da geopolítica, como as alterações climáticas, cibersegurança ou a pandemia da Covid-19 e a China. Mas o tema que mais vincou divergências entre ambos foi o projeto do gasoduto russo Nord Stream 2. Ainda assim, do encontro resultou uma consolidação da aliança entre os dois Estados e um reforço da oposição de ambos à Rússia e à China.

Na Casa Branca, onde Merkel se reuniu com Biden, os dois chefes de Estado afirmaram-se alinhados na oposição à “agressão russa”. “Estamos juntos e vamos continuar a defender os nossos aliados do flanco oriental na NATO contra a agressão russa”, afirmou Joe Biden, numa conferência de imprensa conjunta com Merkel.

A afirmação de Biden surgiu após um diálogo com Merkel acerca das divergências sobre o Nord Stream 2, embora sem progressos aparentes. O gasoduto em causa representa um projeto para transportar gás natural ao longo de 1.200 quilómetros, desde a Rússia até à Alemanha, num percurso paralelo ao gasoduto (Nord Stream) que já existe, desde os campos russo de Yuzhno-Russkoye, na região de Leninegrado, até Greifswald, na Alemanha. O Nord Stream 2 é propriedade da russa Gazprom, cujo projeto recebe investimento de diversas companhias europeias.

Para os EUA, o gasoduto representa uma ameaça à segurança energética da Europa, porque – acredita Whashington – vai aumentar a dependência europeia do gás natural russo. Tal cenário permitirá à Rússia exercer pressão política sobre países europeus mais vulneráveis da Europa Central e Oriental, particularmente a Ucrânia que com a conclusão do projeto perderá relevância enquanto “país de trânsito”, segundo a administração Biden.

Ora, Merkel concordou com a posição norte-americana, que Moscovo não pode usar questões energéticas como arma. Mas afirmou também que a construção do Nord Stream 2 não vai retirar protagonismo à Ucrânia, enquanto “país de trânsito” para o gás natural vindo da Rússia. “O Nord Stream 2 é um projeto adicional e certamente não um projeto para substituir qualquer trânsito através da Ucrânia”.

“Qualquer outra coisa iria obviamente criar muita tensão”, acrescentou.

O presidente dos EUA renunciou, recentemente, aplicar sanções contra entidades alemãs envolvidas no projeto do gasoduto Nord Stream 2. A decisão gerou desagrado no congresso norte-americano.

Biden mantém, ainda assim, a oposição ao novo gasoduto. Mas afirmou que “bons aliados podem discordar”.

A Rússia já acusou Washington de tentar sabotar o projeto para forçar os consumidores europeus a comprarem gás natural liquefeito dos Estados Unidos, em vez do gás natural russo, mais barato.

O encontro entre Biden e Merkel serviu também para os dois Estados realçarem a oposição à China. “Vamos defender os princípios democráticos e os direitos humanos quando virmos a China ou qualquer outro país a procurar minar sociedades livres e abertas”, afirmou o presidente dos EUA.

Apesar de ser um parceiro comercial forte, Berlim já tem criticado Pequim na questão dos direitos humanos.

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