“Acabei de debater a situação na Bielorrússia com Vladimir Putin”, informou Charles Michel numa publicação feita no Twitter após a chamada telefónica entre Bruxelas e Moscovo.
Realizada na véspera da cimeira de líderes da União Europeia (UE) sobre as tensões na Bielorrússia, esta chamada terminou com Charles Michel a apelar a um “diálogo pacífico e verdadeiramente inclusivo” como única forma de “resolver a crise” política e social, de acordo com a mesma publicação.
Na segunda-feira, ao anunciar a convocação de um Conselho Europeu extraordinário na quarta-feira, Charles Michel sublinhou que “o povo da Bielorrússia tem o direito de decidir sobre o seu futuro e eleger livremente o seu líder”, adiantando que “a violência contra os manifestantes é inaceitável e não pode ser permitida”.
Desde há uma semana que a Bielorrússia é palco de uma onda de protestos contra a reeleição do Presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, que muitos, incluindo a UE, consideram fraudulenta.
No poder há 26 anos, Alexander Lukashenko obteve, segundo a Comissão Eleitoral Central do país, mais de 80% dos votos no dia 09 de agosto, conquistando o seu sexto mandato.
Também hoje a chanceler alemã, Angela Merkel, falou por telefone com o Presidente russo, Vladimir Putin, sobre a situação na Bielorrússia e a necessidade de iniciar o diálogo.
“A chanceler sublinhou que o Governo bielorrusso deve renunciar à violência contra os manifestantes pacíficos, libertar de imediato todos os presos políticos e iniciar um diálogo nacional com a oposição e a sociedade para superar a crise”, disse à imprensa o porta-voz de Angela Merkel, Steffen Seibert.
A posição de Vladimir Putin é considerada decisiva em relação ao futuro próximo da Bielorrússia, designadamente quanto à permanência ou não de Lukashenko no poder.
A Bielorrússia tem grande importância geopolítica para a Rússia em relação ao avanço da NATO para leste que se iniciou com o fim da União Soviética.
Na sua primeira década à frente do Kremlin (2000-2009), Putin subsidiou a economia planificada da Bielorrússia com gás e petróleo a baixo preço e empréstimos em condições muito vantajosas.
Mas, com a crise global e a retração económica da Rússia, a situação alterou-se e Putin acabou por ceder à pressão dos membros mais liberais do seu executivo. Em 2019, aprovou o aumento de preços da energia e cortes nos créditos a Minsk.
Desagradado com as alterações, Lukashenko recusou assinar o tratado de união estatal com a Rússia e, durante a campanha eleitoral, acusou várias vezes Moscovo de apoiar a oposição.
Analistas russos apontam que, mais que o futuro de Lukashenko, é a relação da Rússia que pode vir a estar em causa, uma vez que a oposição bielorrussa, embora mantenha laços com Moscovo, não quer manter o país como protetorado russo.
Caso Lukashenko seja afastado do poder, a última economia planificada da Europa vai ter de fazer mudanças profundas na sua política externa para assegurar novas fontes de energia e proceder a privatizações.
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