Nos últimos anos, temos testemunhado uma evolução significativa na forma como planeamos, desenhamos e construímos o ambiente construído. A transição digital apresenta desafios para os setores privado e público da Arquitetura, Engenharia e Construção (AEC), exigindo processos holísticos de criação e gestão de dados.

A metodologia BIM, do inglês Building Information Modeling, tem-se destacado, neste contexto, ao permitir a criação de um modelo digital tridimensional que integra os contributos de todos os intervenientes no desenvolvimento do projeto, nomeadamente arquitetos, engenheiros, construtores, municípios e residentes dos edifícios.

Os benefícios tangíveis são evidentes: maior capacidade de antecipação de problemas de compatibilização antes do início da construção e monitorização do edifício pós-ocupação.

O BIM tem já uma longa história. Surge na década de 1960, associado às grandes empresas do setor automóvel e aeronáutico, no uso de computadores para facilitar o desenvolvimento do traçado e a resolução de problemas geométricos. Porém, o conceito só entra no léxico da AEC na década seguinte, com o engenheiro Charles M. Eastman. Desde então, a sua aplicação tem crescido exponencialmente em todo o mundo.

Em Portugal, estava prevista para 2025 a plena aplicação do BIM em todo o setor da construção. Uma previsão entretanto ajustada para 2027, e apenas em alguns municípios em projetos-piloto, impulsionados pela digitalização e Modernização Administrativa, e ainda pelo programa ‘Mais habitação’, designadamente pelo Simplex do licenciamento urbanístico, com “a obrigatoriedade de se apresentar o projeto de arquitetura e os projetos de especialidades modulados digital e parametricamente”.

Assim, só na melhor das expectativas é que, em 2030, passará a ser obrigatório com a implementação da Plataforma Eletrónica dos Procedimentos Urbanísticos (PEPU), ainda em fase de desenvolvimento.

A integração de tecnologias como inteligência artificial, IoT e realidade virtual no BIM promete ter um forte impacto na economia, impulsionada pela eficiência e inovação digital em curso. Neste sentido, é essencial que os profissionais se comprometam com a aprendizagem contínua e a adaptação às mudanças para capitalizar plenamente o potencial do BIM no futuro da construção digital.

O papel do BIM na transição digital representa um avanço significativo na gestão e desenvolvimento dos projetos, ao auxiliar os municípios a cumprir prazos procedimentais de análise de projeto, uma evolução importante na forma como planeamos e construímos o território nacional.