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Blockchain e inteligência artificial

Por mais impressionantes que possam parecer os efeitos do blockchain sobre as nossas vidas, são muito menores do que os da inteligência artificial.
9 Novembro 2020, 07h15

Provavelmente, a disseminação da tecnologia blockchain e o avanço da inteligência artificial terão, nos próximos anos, e certamente nas próximas décadas, efeitos ubíquos sobre o estilo de vida, semelhantes ao que o surgimento da distribuição de corrente elétrica teve na transição do século XIX para o XX, ou ao que a disseminação da Internet teve na transição do século XX para o XXI. Por essa razão, é importante sabermos, primeiro, o que são esses fenómenos e, segundo, que tipo de mudanças e oportunidades nos trarão.

O blockchain é um pouco difícil de explicar para um leigo em matérias de engenharias de comunicações, informáticas, de redes e afins. Talvez seja melhor com um exemplo. Pensemos no caso duma transação comercial: a convencional transferência bancária é uma operação entre duas partes que conta com o banco como terceira parte que garante a fiabilidade da transação, pois o comprador tem como provar que efetuou a transferência ao vendedor através dum comprovativo bancário. Ora, com o blockchain, o banco torna-se dispensável, sendo o registo da transação efetuado na rede de utilizadores dum sistema que é descentralizado e em que os registos são efetuados em blocos criptografados. Cada bloco contém um algoritmo matemático do bloco anterior (cryptographic hash), um processo de controle de segurança (trusted timestamping), e dados da transação (geralmente representados por uma hash tree). Bem, o importante a reter é que este sistema garante, com um risco ínfimo, de forma eficiente e permanentemente verificável, a segurança dos dados registados.

Que alterações o blockchain traz para as nossas vidas? Inúmeras. Para já, está revolucionando a conetividade dos smartphones e dos veículos, o funcionamento dos eletrodomésticos, o funcionamento do setor dos seguros, a gestão de ativos, a gestão dos cuidados de saúde, a gestão de entidades públicas, a Internet 5G, o mercado de crédito, os setores editoriais e de música, os sistemas de identificação e registos civis e comerciais, os sistemas de pagamentos, só para dar alguns exemplos. Muitas outras revoluções estão prestes a começar.

Por mais impressionantes que possam parecer os efeitos do blockchain sobre as nossas vidas, são muito menores do que os da inteligência artificial. O que é a inteligência artificial? Consiste na inteligência manifestada por dispositivos que, de acordo com o ambiente e as circunstâncias que os envolvem, executam ações que maximizam a possibilidade de atingir com sucesso os seus objetivos.

Que alterações a inteligência artificial traz às nossas vidas? Para já, aumento de eficiência nas redes de distribuição, capacidade de compreensão e tradução da linguagem humana e reconhecimento ótico de carateres, competências militares baseadas em simulações, solução rápida de problemas complexos, veículos autónomos, entre muitas outras possibilidades. No entanto, o alcance das alterações potenciais a médio prazo é avassalador, tornando, muito provavelmente, a vida humana muito diferente do que era no século passado e mesmo do que é atualmente. A longo prazo certamente trará revoluções na Medicina e, consequentemente, na forma como encaramos a longevidade, a doença, e a saúde.

Como reagir? Bem, o melhor é cada um se adaptar ao que será inevitável, nomeadamente acompanhando a evolução das tecnologias de ponta, inovando de forma sistemática nas suas funções, e adquirindo permanentemente competências que sejam relevantes no admirável mundo novo que desponta à nossa frente: criatividade, curiosidade e vontade de aprender ao longo da vida, inteligência emocional e social, trabalho em equipe e liderança de equipes.

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