Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, anunciou hoje a entrega de um projeto de resolução que recomenda ao Governo que inicie um processo de exoneração do Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa.
A deputada dos bloquistas questionou “quem é que pode garantir que Carlos Costa tem idoneidade para ser Governador do Banco de Portugal”, salientando que “sem avaliação, há uma suspeita”.
Recorde-se que o governador do Banco de Portugal pediu escusa de assuntos relacionados com a Caixa Geral de Depósitos há três meses, desde o início de novembro. Carlos Costa foi administrador do banco público entre 2004 e 2006.
“O Governador esclarece que o pedido de escusa relativamente à participação em deliberações do Banco de Portugal sobre situações abrangidas pela auditoria da EY à CGD foi apresentado na ocasião da primeira deliberação tomada neste âmbito, em 6 de novembro de 2018, e nessa data aceite pelo Conselho de Administração”, segundo um comunicado divulgado esta segunda-feira pela instituição.
O governador já tinha vindo a público na sexta-feira, 8 de fevereiro, rejeitar qualquer responsabilidade pelos créditos concedidos pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), no período em que foi administrador, entre abril de 2004 e setembro de 2006. Carlos Costa disse então que tinha pedido ainda para não participar nas decisões do supervisor bancário sobre a auditoria da EY aos atos de gestão na Caixa entre 2000 e 2015, que concluiu por negócios ruinosos de 1,6 mil milhões de euros. O pedido de escusa foi aceite pelo conselho de administração.
A reacção de Carlos Costa na sexta-feira surgiu depois de o Jornal Económico ter noticiado que o governador do BdP fica de fora do exame de idoneidade que está a ser feito pelo regulador aos ex-gestores do banco público, nos sentido de apurar eventuais responsabilidades nos atos de gestão que resultaram em elevados prejuízos para o banco público. Um escrutínio que não incide sobre o governador, apesar de este, segundo a revista Sábado, ter participado em pelo menos quatro reuniões do conselho alargado de crédito que aprovaram financiamentos a Joe Berardo e Manuel Fino, num total de 223 milhões de euros, que geraram perdas para o banco público de 161 milhões de euros, segundo o relatório final da auditoria da EY à gestão da Caixa.
(em atualização)
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