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Bloco de Esquerda quer exoneração do Governador do Banco de Portugal

“Quem é que pode garantir que Carlos Costa tem idoneidade para ser Governador do Banco de Portugal?”, questiona Mariana Mortágua.
11 Fevereiro 2019, 16h14

Mariana Mortágua, deputada do Bloco de Esquerda, anunciou hoje a entrega de um projeto de resolução que recomenda ao Governo que inicie um processo de exoneração do Governador do Banco de Portugal, Carlos Costa.

A deputada dos bloquistas questionou “quem é que pode garantir que Carlos Costa tem idoneidade para ser Governador do Banco de Portugal”, salientando que “sem avaliação, há uma suspeita”.

Recorde-se que o governador do Banco de Portugal pediu escusa de assuntos relacionados com a Caixa Geral de Depósitos há três meses, desde o início de novembro. Carlos Costa foi administrador do banco público entre 2004 e 2006.

“O Governador esclarece que o pedido de escusa relativamente à participação em deliberações do Banco de Portugal sobre situações abrangidas pela auditoria da EY à CGD foi apresentado na ocasião da primeira deliberação tomada neste âmbito, em 6 de novembro de 2018, e nessa data aceite pelo Conselho de Administração”, segundo um comunicado divulgado esta segunda-feira pela instituição.

O governador já tinha vindo a público na sexta-feira, 8 de fevereiro, rejeitar qualquer responsabilidade pelos créditos concedidos pela Caixa Geral de Depósitos (CGD), no período em que foi administrador, entre abril de 2004 e setembro de 2006. Carlos Costa disse então que tinha pedido ainda para não participar nas decisões do supervisor bancário sobre a auditoria da EY aos atos de gestão na Caixa entre 2000 e 2015, que concluiu por negócios ruinosos de 1,6 mil milhões de euros. O pedido de escusa foi aceite pelo conselho de administração.

A reacção de Carlos Costa na sexta-feira surgiu depois de o Jornal Económico ter noticiado que o governador do BdP fica de fora do exame de idoneidade que está a ser feito pelo regulador aos ex-gestores do banco público, nos sentido de apurar eventuais responsabilidades nos atos de gestão que resultaram em elevados prejuízos para o banco público. Um escrutínio que não incide sobre o governador, apesar de este, segundo a revista Sábado, ter participado em pelo menos quatro reuniões do conselho alargado de crédito que aprovaram financiamentos a Joe Berardo e Manuel Fino, num total de 223 milhões de euros, que geraram perdas para o banco público de 161 milhões de euros, segundo o relatório final da auditoria da EY à gestão da Caixa.

(em atualização)

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