A BMW aposta forte na digitalização do seu negócio e para isso conta investir uma verba superior a 100 milhões de euros anuais até 2025 a nível mundial. Exemplo disso é o serviço da construtora automóvel que permite configurar os veículos junto do cliente através da partilha de ecrã ou fazer uma visita guiada virtual pelos veículos que estão a ser apresentados.
Em entrevista ao Jornal Económico (JE), Massimo Senatore, diretor geral da BMW Portugal, acredita que a transferência para o digital se vai acentuar durante os próximos anos e aborda também os desafios e visão da empresa para 2021 que foram modificados pela pandemia da Covid-19.
Quais os principais desafios que a pandemia vos colocou em 2020?
A situação pandémica atual, tem tido um impacto significativo para a economia do país e, inevitavelmente, para o setor automóvel. No início de 2020, contávamos com um mercado idêntico ao de 2019, mas no final do ano assistimos a uma quebra na ordem dos 35%. No caso da BMW verificou-se um decréscimo de 25% face ao ano de 2019, ainda assim, uma performance superior ao mercado nacional.
Esta pandemia acelerou também a transição para o digital. Com a utilização cada vez mais frequente de plataformas tecnológicas, tornou-se possível constatar que, na maioria dos casos, os recursos digitais são uma mais-valia. Por essa razão, lançámos antecipadamente no mercado o BMW Digital Showroom e o MINI Digital Showroom, por forma a auxiliar os nossos Clientes na pesquisa e compra de um veículo online.
2020 foi também um ano de aposta na gama de veículos eletrificados, com o lançamento do MINI Electric, e também de 12 automóveis híbridos Plug-In, sendo uma das principais razões para o nosso bom desempenho comparando com o mercado global.
Sabemos que este ano, principalmente no primeiro semestre, a situação será desafiante em relação às vendas, à semelhança do que aconteceu em 2020. No entanto, estamos confiantes que, em equipa, iremos superar este período, com uma aposta forte em diversas medidas de contenção, de forma a assegurar a rentabilidade e sustentabilidade do nosso negócio.
Acreditamos que iremos conseguir cumprir com os nossos objetivos de eletrificação e da construção da Mobilidade do Futuro, através de uma forte aposta na produção de veículos elétricos, com o objetivo de termos disponível na nossa frota, até 2023, 25 veículos eletrificados, sendo que metade serão 100% elétricos.
De que forma a pandemia alterou a vossa visão para 2021 em termos de estratégia e objetivos previamente definidos?
A pandemia veio alterar a estratégia das empresas, nomeadamente no setor automóvel. É cada vez mais difícil fazer previsões dada a enorme incerteza e imprevisibilidade do período que atravessamos. Mas uma coisa é certa: a digitalização veio para ficar! Como referi anteriormente, no ano passado evoluímos muito e não apenas ao nível das vendas, mas também ao nível do serviço como por exemplo o lançamento da MyBMW App e MyMINI App que permite, através do smartphone controlar muitas funcionalidades do nosso automóvel remotamente. Trata-se de uma grande mais-valia para os nossos cientes. A marcação de serviço online ou as notificações de campanhas para a App são também exemplos de funcionalidades digitais que foram desenvolvidas em 2020. Acreditamos que esta transferência para o digital se vai acentuar durante os próximos anos e, por isso, a nossa estratégia para 2021 teve como foco essa premissa. Exemplo disso é o serviço que permite configurar os veículos junto do cliente através da partilha de ecrã, por exemplo, ou fazer uma visita guiada virtual pelos veículos que estão a ser apresentados. Nesse contexto, pretendemos investir, a nível mundial, um valor superior a 100 milhões de euros por ano até 2025, na digitalização dos canais de venda.
Estamos confiantes que esta nossa adaptação à situação atual, e consequente digitalização dos nossos serviços, irá criar uma relação mais próxima com os nossos clientes, sem ser necessário existir contacto físico, de forma a salvaguardar a segurança de todos.
Qual o objetivo de volume de vendas para 2021?
Está tudo em aberto e vai depender da evolução da pandemia durante o ano. Como referi, acreditamos que este primeiro semestre referente será muito desafiante, mas estamos esperançosos que a partir do segundo semestre o mercado comece a dar sinais de retoma. Estamos confiantes relativamente ao futuro e acreditamos que estamos a fazer as apostas certas para todos os âmbitos do negócio, quer no que respeita aos nossos recursos humanos e parceiros, quer na aposta numa mobilidade mais ecológica.
Além da aposta na digitalização de vendas e marketing até 2025 que outras estratégias tem a BMW definidas para este ano?
Em 2021 iremos continuar a investir significativamente em sustentabilidade. Queremos tornar a nossa marca o mais ecológica possível, como temos vindo a fazer. Assim, com o objetivo de diminuir os níveis de emissões poluentes dos automóveis dentro das áreas urbanas, prevemos alargar a Portugal, já em julho de 2021, o BMW eDriveZones, um novo serviço que permite a ativação automática para o modo totalmente elétrico quando o veículo entra em zonas de baixa emissão ou zero emissões.
Iremos lançar um conjunto de novos modelos, incluindo dois modelos totalmente elétricos: o novo BMW iX3 e, no final do ano, o BMW iX. Estes dois modelos reúnem os mais recentes desenvolvimentos da marca nas áreas de inovação, Design, Conectividade e Eletrificação.
Continuamos focados em fazer apostas concretas de investimento em tecnologia, como é o caso da nossa joint-venture nacional, a Critical TechWorks, que está a desenvolver – em exclusivo para a BMW – tecnologia e software com foco na mobilidade elétrica. Estamos a trabalhar, em conjunto, numa conciliação entre condução autónoma, mobilidade elétrica e conectividade. Já concretizámos essa visão com o protótipo que apresentámos recentemente e que será materializado com o lançamento do BMW i4 – mais um BMW totalmente elétrico – que será apresentado ainda este ano, e que ilustra a forma como a tecnologia pode ser aproveitada para realçar o prazer de condução.
Em suma, estamos a delinear uma estratégia para este ano focada na produção de veículos elétricos e em tecnologias que ajudem a tornar as cidades mais sustentáveis, de forma a construirmos um futuro mais verde e ecológico.
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