Um inquérito global divulgado esta semana, promovido pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e pela Universidade de Oxford, veio demonstrar que as enormes preocupações vividas e relacionadas com a crise pandémica não menorizaram a importância das alterações climáticas; 64% dos 1,2 milhões de pessoas respondentes definiram o tema como uma ameaça global e o responsável pela UNDP, Cassey Flinnt, apresentou os resultados salientando que estamos num momento crucial.
“A forma como os países vão responder à emergência climática e à Covid-19 vai marcar o caminho de todos no futuro. Queremos levar as vozes das pessoas a esses decisores políticos, para que possam fazer verdadeiramente parte da solução”, afirmou.
Na Europa, os decisores políticos estão já conscientes dessas vozes e empenhados numa atuação a curto prazo. Ainda esta segunda-feira, a Comissária Europeia responsável pelas áreas dos Serviços Financeiros, Estabilidade Financeira e União dos Mercados de Capitais, Mairead McGuiness, falou publicamente sobre a recalibração da taxonomia da UE associada aos ativos climaticamente favoráveis.
Tal sucedeu após receber 46.000 respostas a uma consulta pública sobre o modelo a adotar para dar corpo a uma normativa que deve entrar em vigor em 2022, no sentido de estabelecer um sistema para classificar quais as atividades que podem ou não ser consideradas sustentáveis em termos climáticos, para ajudar na transição para uma economia de baixo carbono.
Segundo a Comissária, 98% das respostas à consulta pública vieram de cidadãos que pediram à Comissão Europeia para não quebrar o alinhamento da taxonomia com as metas do Acordo Verde (Green Deal) da UE para o corte de emissões de carbono.
Ao mesmo tempo, também esta semana em Davos, no World Economic Forum, foi feito um apelo aos empresários de todo o mundo para que 2021 – o sexto ano após a assinatura do Acordo de Paris – seja um ano sem paralelo para uma ação climática global em direção ao objetivo das zero emissões de carbono.
“É vital que a comunidade empresarial assuma um papel de liderança claro, estabelecendo uma elevada ambição nas suas áreas, moldando os aspetos práticos da implementação e defendendo as políticas que apoiam a transformação necessária da economia global”, defenderam os membros da Alliance of CEO Climate Leaders.
O apelo foi reforçado por uma declaração proferida pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, no sentido de que a primeira Lei Climática Europeia entre em vigor em breve, destacando que 37% das verbas incluídas no plano de recuperação NextGenerationEU serão dedicadas ao Green Deal europeu.
Se somarmos ao empenho europeu a reentrada dos EUA no Acordo de Paris, após a tomada de posse de Joe Biden, temos boas razões para acreditar que este é o momento certo para acelerar de forma concertada uma estratégia global de redução das emissões e de proteção ambiental. Numa semana em que, infelizmente, poucas notícias tivemos para nos animar, estas que aqui menciono dão-nos pelo menos um sinal de empenho e de esperança num mundo melhor.
As eleições foram no domingo, mas ainda vou a tempo de felicitar o nosso reeleito Presidente da República, que publicamente apoiei nestas eleições. A confiança dos portugueses, que lhe deram a vitória em todos os distritos do país, revela que souberam reconhecer nele os valores de que necessitaremos nos próximos anos, como nação, para enfrentar os desafios que surgirão.
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