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Boeing equaciona suprimir 10% dos trabalhadores da unidade de aviação civil

Depois da Boeing ter obtido luz verde, no final de março, para um pacote de 17 mil milhões de dólares de assistência federal dos EUA, o CEO da empresa, David Calhoun, ultima um plano de redução de dimensão que terá de estar pronto antes de iniciar negociações com o Tesouro dos EUA para ter acesso ao grande auxílio público norte-americano que permitirá relançar a Boeing. Para já, deve cortar 10% da mão de obra que trabalha na unidade de aviação civil do grupo.
23 Abril 2020, 17h44

Depois da “série negra” protagonizada por acidentes com dois Boeing 737 Max, resultantes de falhas técnicas que vitimaram 346 pessoas, a Boeing reavalia agora o embate com a crise mundial da pandemia de Covid-19 traduzido, por enquanto, pelo cancelamento de 300 encomendas de aviões que o fabricante norte-americano já não entregará, entre as quais figuram 150 unidades do 737 Max. É neste enquadramento difícil que a Boeing equaciona a supressão de 10% da mão-de-obra afeta à sua unidade de aviação civil, adiantaram, esta quinta-feira, fontes da empresa à agência France-Presse.

O CEO da Boeing, David Calhoun, está a concluir um plano de redução da dimensão do grupo norte-americano, que terá de estar pronto antes de iniciar as negociações com o Tesouro dos EUA para poder obter apoios federais que auxiliem o relançamento do gigante grupo aeronáutico e aeroespacial.

Para já, o impacto destes layoffs será sentido sobretudo na fábrica que produzia o modelo 737 Max – que esteva mais de um ano parada depois de ocorridos os dois trágicos acidentes –, mas abrangerá igualmente as unidades da Boeing onde são fabricados os aviões de longo curso 777 e 787, prevendo-se que o corte de empregos afete um máximo de sete mil trabalhadores, no universo dos 160 mil funcionários que a Boeing emprega em todo o mundo.

O principal centro de atividade fabril da Boeing localização no Estado de Washington, onde emprega 70 mil trabalhadores que se dedicam à produção e montagem da grande maioria dos modelos de aviões produzidos pela Boeing. Resta a unidade do Estado da Carolina do Sul onde é fabricada uma parte no modelo 787.

Toda a atividade da Boeing está a ser retomada de forma faseada, tendo já recomeçado a laboração gradual, mantendo os trabalhadores distanciados, na fábrica de Puget Sound, em Washington, revela a agência France-Presse. Medidas de segurança foram impostas aos trabalhadores, com realização de testes de saúde e obrigatoriedade de lavagem regular das mãos.

Estima-se que a Boeing queira aceder a uma ajuda pública da ordem dos 60 mil milhões de dólares (cerca de 55,32 mil milhões de euros) canalizada para a indústria aeroespacial nos EUA, de forma a combater os efeitos nocivos da crise da Covid-19.

Já no final de março, a assistência federal dos EUA aprovou um pacote de 17 mil milhões de dólares (cerca de 15,6 mil milhões de euros) a entregar à Boeing, o que imporá restrições à capacidade da Boeing poder dispensar trabalhadores (que é a condição que os EUA colocam às empresas para poderem aceder ao fundos obtidos junto dos contribuintes). No entanto, a Boeing tem em curso programas de layoff voluntários que incluem uma componente de remuneração e outra de benefícios, referiu um porta-voz da empresa.

Somados aos problemas colocados pela pandemia da Covid-19, os cancelamentos de encomendas do 737 Max continuam a ser sentidos pela Boeing. Entre as encomendas canceladas consta o pedido de 75 aviões 737 Max que tinha sido formalizado pela empresa de leasing de aeronaves Avalon, o cancelamento de 29 encomendas feitas pelo Banco de Desenvolvimento da China, sendo ainda incerto se a companhia Norwegian Air manterá a encomenda de 92 aviões 737 Max e cinco 787, atendendo a que entretanto faliram quatro subsidiárias deste grupo. A Boeing deverá divulgar os seus resultados trimestrais a 29 de abril.

A atividade da Boeing será gradualmente retomada para cerca de 70 mil trabalhadores das linhas de produção dos modelos de aviões 737, 747, 767, 777 e parcialmente do 787, porque uma parte significativa da produção da fábrica do Estado da Carolina do Sul permanecerá encerrada. A linha de produção do 737 Max também continuará parada, apesar da Boeing prever o seu relançamento.

No site da Boeing estão registados 5.049 pedidos de aviões até ao final do primeiro trimestre de 2020 – o que reflete a redução de 307 encomendas em março. A Boeing está sediada em Chicago, no Estado de Illinois, e em 2019 apresentou o primeiro prejuízo em duas décadas.

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