A bolsa portuguesa encerrou a sessão com uma desvalorização em linha com a maioria das praças europeias.
A Galp caiu 1,59% (para 14,850 euros) e liderou as perdas nas ações blue-chips depois da Morgan Stanley ter cortado o seu preço-alvo dos 15,20 euros para os 14,60 euros.
Em queda fechou também a Ramada (-1,72% para 5,70 euros); a Sonae e a Sonae Capital (-1,25% e -1,36%); e a Mota-Engil (-1,00% para 1,777 euros).
O BCP foi inicialmente afetado pelas notícias sobre as contas do UBS, tendo posteriormente recuperado e terminado a sessão nos 0,1892 euros (+0,05%).
O banco suíço falhou as metas na rentabilidade e cost-to-income.
A EDP Renováveis apresentou uma overperformance face ao PSI-20, tendo ganho 0,93% para os 10,880 euros.
A Ibersol também está entre as quatro cotadas que fechou em alta contrariando a tendência do PSI-20. A empresa valorizou +1,12% para 9 euros. A Corticeira Amorim foi o outro título que fechou no verde ao subir +0,70% para 11,480 euros.
Ramiro Loureiro, Analista de Mercados do Millennium investment banking refere que as bolsas recuperam ao longo da sessão e que o DAX alemão conseguiu passar para território positivo e fechou nos 13.556 pontos (+0,05%). Mas este foi a exceção a uma maré de quedas.
Na Europa, o índice EuroStoxx 50 fechou nos 3.787,7 pontos (-0,30%).
O IBEX 35 encerrou nos 9.611,3 pontos (-0,49%); o francês CAC fechou nos 6.046 pontos(-0,54%).
O PSI-20 perdeu 0,52% para 5.276,12 pontos e o FTSE MIB recuou 0,65% para 23.845,3 pontos.
Em Londres o FTSE 100, no dia da divulgação dos dados de emprego no Reino Unido, caiu 0,53% para 7.610,7 pontos.
“As bolsas europeias encerraram na sua generalidade em baixa, mas ainda assim a demonstrarem uma recuperação desde os mínimos do dia atingidos poucos minutos após a abertura da sessão, onde o corte da Moody’s ao rating de Hong Kong afetou o sentimento, em especial nas empresas de Bens de Luxo europeias como Louis Vuitton ou Kering”, refere o analista.
A Hugo Boss escapa, impulsionada por bons dados de vendas. A empresa retalhista de bens de luxo registou vendas do 4º trimestre acima do esperado, de 825 milhões, quando a estimativa mais otimista dos analistas que era de 818 milhões. As vendas comparáveis cresceram 3% em termos homólogos, reavivando assim o ritmo após alguns trimestres de perda.
No acumulado do ano a Hugo Boss reportou vendas do ano fiscal de 2019 de 2,88 mil milhões, situando-se no topo do intervalo das projeções dos analistas.
“A época de apresentação de contas empresariais nos EUA está a decorrer acima das expectativas, tanto a nível de resultados como de receitas, e isso confere otimismo aos investidores. A prova disso mesmo é o valor de leitura mais elevado desde 2015 trazido pelo Zew Survey, no que respeita às expectativas de profissionais de mercados financeiros para os próximos 6 meses”, lê-se na análise da Mtrader.
Ao nível empresarial a Air France está já fora da corrida a Malaysia Airlines e caiu em bolsa -2,61%.
Já o banco suíço UBS apresentou resultados mistos no quarto trimestre. O lucro subiu para 650 milhões de euros (722 milhões de dólares) que compara com 284 milhões de euros (315 milhões de dólares) no ano anterior.
Em termo anuais o UBS anunciou uma queda de 5% nos lucros de 2019 e cortou as metas de rentabilidade para este ano, citando o impacto das taxas de juro em mínimos históricos.
A UBS anunciou que irá distribuir um dividendo por ação de 0,73 dólares e irá recomprar, durante o 1º semestre deste ano, 450 milhões de dólares de ações próprias. No entanto, o banco reduziu os seus objetivos em termos de rentabilidade para 2020 e por isso as ações do UBS caíram 4,53%.
O setor bancário como um todo registou uma perda em torno dos 0,70%.
Destaque também para a Heineken (-2,86%) perante notícias de que as vendas de cerveja no Vietname registam nova queda após a aplicação da lei do álcool.
“O corte do rating a Hong Kong e a preocupação em torno do elevado contágio do corona vírus na China” estiveram pressionar as bolsas na sessão de hoje, salienta o Bankinter.
Os mercados receiam que o vírus se possa espalhar para fora da China, uma vez que estamos na altura da passagem do ano chinês, e muitos chineses a viver noutras partes do mundo aproveitam para visitar o seu país.
Foram assim os resultados do UBS e o vírus da China que penalizaram o sentimento dos investidores, dizem os analistas. “A tentar contrabalançar a nuvem sombria que envolve os mercados, Emmanuel Macron e Donald Trump chegaram a acordo numa trégua na disputa sobre impostos digitais. Nenhum país irá aplicar tarifas punitivas ao outro até o final do ano”, salientou por sua vez André Pires da XTB.
O Bankinter, por sua vez, refere que a atualização do World Economic Outlook antecipa um crescimento de +3,3% em 2020 (-0,1%) e +3,4% em 2021 (-0,2%). “Esta revisão em baixa deve-se sobretudo aos emergentes, penalizados, em muitos casos, por uma elevada instabilidade social”, diz o banco.
Já o BPI no seu comentário de fecho diz que “em pleno Fórum Económico em Davos, o anúncio desolador por parte da UBS, assim como os receios dos investidores face à propagação do vírus de pneumonia na China (que prejudicou a performance dos mercados asiáticos) induziam os investidores a uma postura de maior aversão ao risco”.
No Fórum Económico Mundial, em Davos, o Presidente dos EUA, Donald Trump referiu que os acordos comerciais que os EUA fizeram na sua gestão são a principal mudança do seu Governo face aos antecessores, e que está em negociação com outros países, sem no entanto especificar quais. Trump mostrou-se ainda otimista no que toca às futuras relações comerciais com o Reino Unido.
O evento-chave da sessão foi a publicação do ZEW na Alemanha. As expectativas de profissionais do mercados financeiros estão no nível mais elevado desde 2015. Segundo o indicador ZEW para a Alemanha, as expectativas dos analistas e investidores para os próximos 6 meses melhoram de forma mais surpreendente que o previsto em janeiro, com o valor de leitura a passar de 10,7 para 26,7 (o que compara com os 15 estimados)
O indicador que mede a confiança na situação atual também melhorou, de -19,9 para -9,5 (-13,5).
Para o conjunto da Zona Euro as expectativas também registaram um aumento significativo, com a leitura a passar de 11,2 para 25,6.
Hoje a nível macroeconómico foi dia de dados do Eurostat relativos ao défice da Zona Euro e da União Europeia no 3º trimestre de 2019. O saldo orçamental fixou-se em 0,8% do PIB em Portugal, -0,7% do PIB na Zona Euro e -0,9% do PIB na UE.
Já a dívida pública da zona euro e União Europeia em percentagem do PIB segundo o Eurostat, no 3º trimestre de 2019, no conjunto dos países da Zona Euro (19) situou-se em 86,1% (86,4% no 2º trimestre de 2019) e na UE a 28 situou-se em 80,1% (80,4% no 3º trimestre de 2018). Em relação ao período homólogo (3º trimestre de 2018) registou-se um decréscimo de 1,0 p.p. (pontos percentuais) da Dívida Pública da Zona Euro e um decréscimo de 1,3 p.p. na UE a 28.
Em Portugal, a Dívida Pública em percentagem do PIB situou-se em 120,5% (121,1% no 2º trimestre de 2019 e 125,5% no 3º trimestre de 2018).
Entre os Estados Membros, os que se destacaram com maiores rácios de Dívida Pública (em percentagem do PIB), no 3º Trimestre de 2019, foram a Grécia (178,2%), Itália (137,3%), Portugal (120,5%), Bélgica (102,3%) e França (100,5%). Em contrapartida a Estónia (9,2%), Luxemburgo (20,2%) e Bulgária (20,6%) apresentaram os rácios mais baixos de Dívida Pública.
O petróleo está em queda nos mercados internacionais. Em Londres o Brent recua 0,72% para 64,73 dólares.
O euro cai 0,03% para 1,1092 dólares.
A dívida soberana cai na Alemanha 3 pontos base para -0,248%. Já em Portugal cai 2,4 pontos base para 0,466%. Espanha tem os juros em queda de 2,2 pontos base para 0,423% e Itália vê os juros subirem 1,8 pontos base para 1,371%.
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