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Bolsas em queda: BCE e Fed pressionados, PSI cai quase 2%, Wall Street no ‘vermelho’ e Japão afunda 13%

As principais praças mundiais continuam a negociar em forte queda, com os receios de uma recessão nos Estados Unidos e de um agravamento do conflito no Médio Oriente a assustarem os investidores. Acompanhe aqui minuto a minuto.
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5 Agosto 2024, 19h00
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Bancos centrais pressionados pelos mercados?

BCE e Fed poderão ter de antecipar o corte nas taxas de juro perante o atual cenário nos mercados bolsistas que parece antecipar uma recessão nos EUA, perante os últimos dados da economia norte-americana.

O jornal “Politico” dá conta que os investidores já estão a antecipar uma provável movimentação por parte dos bancos centrais no sentido de aplicar um corte de emergência das taxas de juro que possa dar alguma alavancagem à economia e evitar assim o receio de uma recessão que está a levar a um ‘sell off’ quase generalizado nas praças acionistas mundiais.

Conta o jornal que os mercados já estão a antecipar que a Reserva Federal possa cortar as taxas de juro já na próxima reunião da Fed que vai decorrer a meio de setembro, naquele que poderá ser o primeiro corte de taxas desde março de 2020, quando se começou a fazer sentir com grande repercussão a pandemia de Covid-19.


PSI fecha a desvalorizar quase 2%

A bolsa de Lisboa seguiu o sentimento geral que se viveu esta segunda-feira, não apenas nas bolsas europeias, como em todos os mercados acionistas.

O índice PSI recuou 1,94% e ficou-se pelos 6.463 pontos, empurrado sobretudo pelos títulos da EDP, que caíram 4,43%, para os 3,671 euros. Seguiu-se a Mota-Engil, ao perder 3,32%, até aos 3,318 euros. Mais atrás, as ações da Semapa desvalorizaram 2,61% e encerraram a sessão nos 14,16 euros, ao passo que a Sonae resvalou 2,57%, para 0,911 euros.

Em sentido contrário, o BCP amenizou a descida do índice, ao avançar 0,70% e alcançou os 0,3603 euros.

"Ainda é cedo para falar de um cenário de recessão", destaca analista

Apesar dos mercados acionistas estarem a antecipar uma degradação da economia norte-americana, Henrique Tomé, analista da corretora XTB, adianta ao JE que “ainda é cedo para falar num cenário de recessão”.

“Desde a semana passada que os mercados têm vindo a descontar o risco associado ao abrandamento económico nos EUA e como tal, têm incorporado no preço as eventuais descidas por parte da Fed à taxa de juro”, começa por referir o analista.

Para Henrique Tomé, “apesar de ainda não existirem sinais concretos de “recessão”, o facto dos dados sobre a atividade económica na indústria e no emprego terem saído mais fracos do que se esperava, estão a alimentar estas preocupações”.

E se a Nvidia e Intel estiverem sobreavaliadas?

As grandes tecnológicas que operam na área da Inteligência Artificial podem estar sobreavaliadas naquilo que é a sua capacidade de gerar receita. Esta é uma das conclusões do economista António José Duarte que fez o retrato no panorama muito negativo que trespassa os mercados acionistas mundiais desde o final da semana passada.

“Temos aqui algum ‘over price’ de algumas companhias tecnológicas e alguma expectativa que as empresas que vendem mais em Inteligência Artificial possam estar sobreavaliadas naquilo que é a sua capacidade de receita, nomeadamente a Nvidia e uma quebra significativa da Intel”, destacou este especialista ao JE.

No entanto, António Duarte realça que estas perdas não foram de todos inesperadas para os investidores: “Em bom rigor, qualquer investidor já estaria à espera desta correção, era expectável porque estávamos num mecanismo de política de taxa de juro bastante elevada”.

Wall Street com fortes perdas no início da negociação

Os três principais índices norte-americanos acompanharam na abertura o forte pessimismo, com o Nasdaq a ser especialmente penalizado e a abrir com uma queda superior a 5% para 15.976,70 pontos. No início da negociação, o S&P500 também teve uma queda abrupta de 3,45% para 5.165,17 pontos enquanto o Dow Jones, apesar da contração, conseguiu ser o que menos perdeu nesta fase inicial da sessão: -2,68% para 38.667,08 pontos.

Ramiro Loureiro, analista de mercados do Millenium investment banking research, destaca as quedas “expressivas” do outro lado do Atlântico na abertura da negociação e aponta que os investidores vão estar especialmente atentos à atividade nos serviços nos EUA, o maior componente do PIB norte-americano, que será revelado pelas 15h00 e “poderá ser decisivo na confirmação dos receios dos investidores”.

Em relação às empresas mais penalizadas, o destaque pela negativa vai para a Nvidia já que a gigante norte-americana quebra a barreira dos 100 dólares e recua mais de 13% neste início de sessão. Já as tecnológicas associadas à Bitcoin também surgem entre as mais penalizadas com o recuo de mais de 15% da Bitcoin a pesar no sentimento dos investidores.

Sell off faz vítimas antes da abertura de Wall Street

As grandes empresas não estão satisfeitas com os dados económicos dos EUA. Enquanto os futuros dos índices norte-americanos estão em queda, várias empresas dão conta de quebras no pre-market.

A Apple, depois de ver que Warren Buffett ‘despachou’ quase 50% do seu portefólio da fabricante do iPhone, está a recuar 7,6% nas negociações antes da abertura de Wall Street. O mesmo acontece com a Intel, que revelou uma mudança de estratégia e caiu 25% na sexta-feira, que se encontra a desliza 4,9% nas negociações pré-abertura.

Por problemas de design nos seus novos chips de Inteligência Artificial, e por conta do sell off, a Nvidia afunda 10%, um sentimento igualado pela Tesla, que está a perder 7,9%.

Este sentimento também é visível nas moedas digitais, como a Coinbase. Esta criptomoeda recua 15%, severamente pressionada pelo sell off. Já a bitcoin, a criptomoeda mais conhecida do planeta, está a afundar quase 18%.

Lisboa acompanha perdas europeias perante medo da recessão

A bolsa de Lisboa está a registar um sentimento fortemente negativo no meio da sessão desta segunda-feira, em linha com as mais importantes congéneres europeias. O índice PSI está a cair 2,29%, até aos 6.439 pontos.

A Mota-Engil perde mais do que qualquer outra cotada, na ordem de 5,19%, até aos 3,254 euros por ação. Segue-se a EDP Renováveis, ao tombar 3,73%, para os 14,18 euros, ao mesmo tempo que a Sonae recua 2,99% e fica-se pelos 0,907 euros.

Mais atrás, os títulos da EDP derrapam 2,94%, para 3,728 euros, ao mesmo tempo que a Galp resvala 2,49%, até aos 18,25 euros.

Entre as praças europeias o sentimento é idêntico, com os investidores a mostrarem-se receosos. A queda mais acentuada tem lugar em Itália, na ordem de 2,96%. Seguem-se quedas em Espanha (2,64%), no índice agregado Euro Stoxx 50 (2,61%), na Alemanha (2,54%), no Reino Unido (2,35%) e França (2,30%).

De resto, as perdas estendem-se a outras latitudes. É o caso do Japão, onde o índice Nikkei caiu 13% no fecho da sessão, o que significa uma descida mais acentuada do que aquela que se observou na Segunda-feira Negra de 1987, considerada a pior da história bolsista do Japão.

Mercado corrige e aponta para 125 pontos de cortes da Fed até final do ano

O mercado projeta agora 125 pontos base (p.b.) de cortes nos juros diretores norte-americanos até ao final do ano, incluindo uma descida de 50 pontos já na próxima reunião, em setembro.

Os dados macroeconómicos fracos despoletaram uma correção generalizada nos mercados nos EUA e, por arrasto, no resto do mundo e as expectativas dos investidores quanto às taxas de referência da Reserva Federal reagiram em linha.

Há uma semana, o mercado atribuía 11,4% de probabilidade a uma descida de 50 p.b. em setembro, por comparação a 88,2% para um corte de 25 p.b.; na manhã de segunda-feira, a FedWatch Tool, do CMEGroup, atribuía 96,5% de probabilidade ao primeiro cenário, sendo que um corte de apenas 25 pontos é agora visto como impossível, ou seja, com 0% de hipóteses.

No domingo, os investidores atribuíam ainda 26% de probabilidade a uma descida de 25 p.b..

Após setembro, o mercado espera duas descidas consecutivas de 25 p.b., o que deixaria a taxa de referência para os EUA entre 4% e 4,25% no final do ano.

Explica o banco neerlandês ING, “o mercado já não está a projetar um reajustamento ordenado da Fed para uma taxa neutra – digamos 3,25%. Não, o medo de recessão está a trazer a ideia de algum tipo de novo estímulo monetário”, levando a uma correção forte das projeções.

Nikkei afunda 13% e Nasdaq cai antes da abertura

Às 10h50 de Lisboa (5h50 em Nova Iorque, pouco menos de quatro horas antes da abertura do mercado), os futuros do Nasdaq recuavam 850 pontos, ou 4,6%, dando um forte sinal de continuidade às perdas com que o índice tecnológico fechou a última sessão da semana anterior. Recorde-se que sexta-feira encerrou com um recuo de 418 pontos.

Na Europa, o cenário é semelhante, com o índice pan-europeu Stoxx 600 a bater mínimos de seis meses, perdendo 2,7%, retornando a níveis abaixo de 500 pontos pela primeira vez desde abril. Os restantes índices de referência europeus abriram todos no vermelho, com o sector tecnológico e o bancário como os mais pressionados pelo sell off global.

O índice VIX, uma medida de referência para a volatilidade dos mercados, tocou máximos de quatro anos ao chegar a 41,65 pontos, pressionado pelos medos de recessão na maior economia do mundo.

Petróleo recua mais de 2% a meio da manhã

Aquando da abertura da sessão portuguesa, já o petróleo se encontrava em queda ligeira. A queda significativa do Nikkei, em Tóquio, na ordem dos 13%, fez com que os commodities entrassem em queda livre.

O brent está a perder 1,90% para 75,35 dólares, enquanto o crude descola 2,20% para 71,90 dólares. Por sua vez, o gás natural afunda 2,64% para 1,915 dólares.

O barril de brent encontra-se em mínimos de janeiro.

O economista Tim Snyder, da Matador Economics, indica à “Reuters” que o mercado estava “orientado para os níveis de procura para um mercado geopolítico” durante as últimas duas sessões, até por conta do resultado da reunião da OPEP+, que decidiu manter o mesmo número de barris a enviar para o mercado. “Depois caímos a pique com todos estes dados económicos”, adianta o economista-chefe.

Bolsas europeias em mínimos de seis meses

As bolsas europeias estão a registar mínimos dos últimos seis meses, significando que perderam os ganhos conquistados ao longo desse mesmo período.

As perdas estão a ser sentidas depois de iniciada a liquidação global de ações na sexta-feira, com os fortes receios de uma desaceleração nos Estados Unidos.

O Stoxx 600 já perdeu mais de 3%, sendo este o nível mais baixo desde março de 2022, considerado o pior dia em dois anos e ano. Este índice observou a sua pior semana em quase 10 meses na passada sexta-feira, caindo abaixo da marca de 500 pontos pela primeira vez desde 15 de abril.

Os investidores estão a afastar-se dos ativos de risco, com o receio de uma escalada da recessão nos Estados Unidos por conta dos fracos dados económicos, nomeadamente o emprego.

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