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Bolsonaro, Trump e a política na negativa

Estas eleições do Brasil, acompanhadas pela eleição de Trump mostram-nos que nos dias de hoje, no advento das redes sociais, quem conseguir canalizar à volta de si a maior energia e visibilidade, em condições normais, irá “cavalgar” para a vitória.
13 Novembro 2018, 07h15

No passado dia 28 de Outubro, Jair Bolsonaro foi eleito Presidente da República Federativa do Brasil, numa eleição em que ganhou o candidato que mais ódios e paixões despertou à volta de si e que canalizou mais energia e visibilidade à sua volta.

É impossível não se estabelecer uma comparação entre a vitória de Bolsonaro com a vitória de Donald Trump nas eleições Presidenciais dos EUA em 2016. Ambos são candidatos anti-sistema, controversos, com visões por vezes radicais e que, bem ou mal, conseguiram monopolizar por completo o enquadramento emocional e a visibilidade nas campanhas das suas respectivas eleições. Ganhou o candidato de quem mais se falou, ou seja, inspirando ódios ou paixões, à semelhança de Trump, nestas eleições brasileiras só se falava de Bolsonaro e todos nós praticamente nos esquecemos quem era o seu adversário. A eleição de Bolsonaro veio dar razão à citação de Phineas Barnum quando disse “there´s no such thing as bad publicity”, ou seja, falem mal ou falem bem, mas falem de mim…

Com efeito, Bolsonaro deu uma lição de política contemporânea, na qual rejeitou por completo os moldes tradicionais de fazer política e convencer os eleitores (até abdicou de realizar um único debate televisivo com os restantes candidatos), para fazer uma campanha fortemente alicerçada nas redes sociais e nos seus comentários polémicos que rapidamente se tornaram virais e conseguiu desta forma canalizar uma quantidade tremenda de energia (quer positiva, quer negativa) à volta de si, e foi essa energia que o levou à vitória nas eleições, levado “ao colo” por milhões de brasileiros que o odiavam, mas que simplesmente não conseguiam deixar de falar nele…

Estas eleições do Brasil, acompanhadas pela eleição de Trump mostram-nos que nos dias de hoje, no advento das redes sociais, quem conseguir canalizar à volta de si a maior energia e visibilidade, em condições normais, irá “cavalgar” para a vitória.

Nestes termos, em vez de dar energia às coisas das quais somos contra, nunca foi tão importante como nos dias de hoje operar na positiva, ou seja, não vale a pena ser contra a guerra, sejamos sim a favor da paz, não vale a pena sermos contra a pobreza, devemos apoiar a abundância, se somos contra um determinado projecto político, então que se apoie o projecto político adversário.

Num sentido figurativo e abstracto, em vez de sermos contra “Bolsonaro”, sejamos a favor de “Hadad”, isto é, nós cidadãos precisamos de voltar a ter paixões e não ódios, apoiar projectos, causas e pessoas em vez de simplisticamente sermos “do contra”, historicamente, é assim que os países e o Mundo andaram para a frente!!!

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