O BPI projecta que o Produto Interno Bruto (PIB) tenha uma contração de 3,4% este ano, em consequência da paralisação provocada pela pandemia do novo coronavírus, cortando a estimativa anterior de uma expansão de 1,7%.
Numa nota de research, o banco diz esperar uma recuperação do crescimento da economia portuguesa para 5,9% em 2021, no entanto, salienta que a atual crise deverá ter “ainda assim, efeitos duradouros”, com a recuperação de alguns setores a ser feita de “forma muito gradual”, entre os quais aponta o exemplo do turismo, “que representa 8% do PIB e de 15% do consumo das famílias”.
“Admitimos que algum impacto já ocorrerá no primeiro trimestre, com uma queda da atividade face ao trimestre anterior (devido à paragem súbita nas últimas semanas de março), mas ainda um crescimento homólogo ligeiro”, refere. No entanto, projeta que no segundo trimestre o impacto já será maior, com a atividade a recuar cerca de 15%, “sendo grande a incerteza desta retração que poderá ser significativamente superior”, assinala.
“Na nossa análise admitimos que alguns setores estarão parados ou serão seriamente afetados (peso de cerca de 20% do VAB), por exemplo os relacionados com o turismo (alojamento e restauração), atividades culturais, transportes, entre outras; outros terão a sua atividade limitada por força das medidas de mitigação, do isolamento voluntário e das medidas de quarentena (em conjunto, peso de cerca de 40% no VAB), por exemplo, a maior parte do setor industrial, construção e atividades imobiliárias; os restantes terão a atividade normalizada, supostamente aqueles que conseguem adaptar facilmente a sua atividade ao teletrabalho”, explica.
Partindo do pressuposto de que o controlo da pandemia ocorra no final de abril ou primeiras semanas de maio, projeta que a atividade deverá recuperar “substancialmente” no terceiro trimestre, “anulando parte das perdas verificadas”.
O BPI vê ainda a taxa de desemprego a subir para 8,2% este ano, face aos 6,4% que estimava antes da pandemia, recuando para 6,8% em 2021.
“A alteração de contexto refletir-se-á nas restantes variáveis macroeconómicas, nomeadamente na deterioração do mercado de trabalho, contas externas, contas públicas e mercado imobiliário, sendo que, neste último, antecipamos uma contração das transações superior a 20%, no ano”, diz ainda.
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