Depois de o acordo de Theresa May ter sido rejeitado pela segunda vez na última terça-feira, por uma maioria de 149 votos, e faltando poucos dias para os líderes da União se reunirem em Bruxelas para discutir em cimeira uma possível extensão do artigo 50º, o Brexit entra em mais uma semana crucial, sempre envolto em crise com caráter permanente
O acordo do governo foi derrotado por uma maioria de 149 votos, o que significa que a primeira-ministra tem de convencer 75 deputados a mudar de lado se quiser vencer esta semana.
Os ministros estão a negociar com o Partido Democrata-Unionista da Irlanda, na esperança de que os seus parlamentares possam posicionar-se a favor dos Conservadores. Se o fizerem, o governo de May considera que boa parte do Grupo Europeu de Pesquisa (os Conservadores que preferem um Brexit duro e têm estado sistematicamente contra a primeira-ministra) poderia seguir esse passo, o mesmo podendo acontecer com alguns parlamentares trabalhistas.
Contudo, segundo o jornal The Guardian, a primeira-ministra pode ser forçada a oferecer um cronograma da sua própria saída de cena política em troca do apoio de alguns parlamentares.
Se o acordo for aprovado, o governo disse que solicitaria uma extensão curta e “técnica” para o artigo 50º na reunião do Conselho Europeu da próxima quinta-feira, para dar tempo para que a legislação necessária seja aprovada.
Outro cenário é que Bruxelas insista numa longa extensão do artigo 50º, talvez de mais de um ano, para permitir que o Reino Unido chegue a um acordo sobre o caminho a seguir. Nessas circunstâncias, o governo prometeu iniciar um processo de “votos indicativos”, começando em 25 de março, para descobrir que abordagem alternativa os deputados querem apoiar.
Muitos deputados acreditam que isso provavelmente resultaria no futuro num relacionamento mais próximo com a União, talvez incluindo a união aduaneira – o que pode ter o ‘efeito colateral’ de permitir que a ideia de cancelamento do Brexit ganhe força.
Por outro lado, os Trabalhistas sugeriram que apoiariam uma emenda à moção do governo – e, portanto, apoiariam essa moção – se fosse introduzida uma emenda patrocinada por dois Trabalhistas, Peter Kyle e Phil Wilson, para uma ratificação do Brexit por via de um novo referendo.
Se isso for aprovado, o acordo de May será colocado em votação pública – embora essa ideia esteja longe de ser universalmente popular, segundo o The Guardian. Não está claro se o governo concordaria em implementar tal referendo, ou se May, que disse repetidamente que outro referendo poderia ameaçar a coesão social, preferiria renunciar ou desencadear eleições gerais. Em qualquer caso, seria necessário um atraso significativo no artigo 50º para permitir a realização de um referendo.
Finalmente, Jeremy Corbyn, líder dos Trabalhistas, insinuou este domingo que o partido pode estar a preparar um voto de desconfiança no governo de Theresa May, caso esta emenda seja rejeitada.
Após um voto de desconfiança, os deputados poderiam procurar formar um governo alternativo nas duas semanas seguintes. Se isso se revelasse impossível, emergiria a necessidade da marcação de eleições gerais antecipadas, e o governo teria de solicitar uma extensão longa do artigo 50º, para dar tempo à sua preparação.
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