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Brexit: retalho britânico e irlandês alerta para brutal subida dos preços

Tarifas aduaneiras podem chegar aos 40% num cenário de saída sem acordo, resultando em escassez de carne, peixe, frutas e vegetais, dizem as associações do setor.
23 Fevereiro 2019, 20h00

O cenário de Brexit sem acordo – que neste momento é o mais provável –pode levar à imposição de novas taxas aduaneiras de até mais 40% em alimentos de primeira necessidade, dizem o British Retail Consortium (BRC), o Northern Ireland Retail Consortium (NIRC) e Retail Ireland. As três entidades emitiram um comunicado conjunto em que alertam para a subida de preços e para a possível escassez de produtos, face a eventuais novos procedimentos nas fronteiras.

O Reino Unido importa muitos produtos frescos (90% da alface e 80% do tomate, por exemplo) diretamente da Europa comunitária e o aumento das tarifas, a desvalorização da libra esterlina e novas verificações regulatórias nas fronteiras podem elevar o custo de alimentos e bebidas, que será necessariamente passado para ​aos consumidores.

As empresas vão colocando no ativo formas de contornar o problema. A Ornua, empresa irlandesa de produtos lácteos que produz a marca Kerrygold, começou a aumentar o seu stock de queijo cheddar desde o último outono, como uma garantia contra um grande aumento previsível de preço. No ano passado, um dos maiores produtores de leite do Reino Unido, com sede na Irlanda do Norte, alertou que deixar a união alfandegária pode levar ao aumento do preço da carne e dos produtos lácteos até aos 50%.

As três entidades do retalho alertaram para que o Brexit sem acordo teria “consequências económicas devastadoras, colocando potencialmente em risco anos o desenvolvimento económico e a integração entre as ilhas do Reino Unido e da Irlanda”.

Aodhán Connolly, responsável do NIRC, disse que a população na Irlanda do Norte seria a mais atingida: “as nossas famílias só têm em média metade dos rendimentos das famílias britânicas e um pouco menos que as da República da Irlanda. Um não-acordo atingir-nos-á primeiro e de forma mais forte. Isto não é aceitável”.

Por seu turno, Thomas Burke, da Retail Ireland, afirmou que, mesmo que houvesse algum acordo, os preços nas lojas provavelmente subirão, com os retalhistas incapazes de absorverem os aumentos de custos decorrentes da saída do Reino Unido da União Europeia.

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