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Brexit: supermercados britânicos preparam-se para o pior cenário

A possível saída sem acordo comercial está a preocupar o setor de distribuição alimentar, e já começa a ser ponderado o racionamento de alimentos antes que comece a procura desenfreada.
20 Fevereiro 2019, 17h23

Os cidadãos britânicos podem sofrer falta de alimentos frescos, um aumento do preço dos produtos e uma variedade alimentar mais restrita, caso o Reino Unido abandone a União Europeia, no próximo mês, sem um acordo em termos de trocas e do ramo alimentar. Quem garante a possibilidade deste cenário é a agência Reuters que contactou com fontes oficiais.

À medida que o dia 29 de março se aproxima, os supermercados estão a aumentar os inventários, a trabalhar com produtos alternativos e a testar novas rotas caso existam impasses nas fronteiras. Tim Steiner, gerente do supermercado online britânico Ocado, declara que “não podemos aumentar o inventário de produtos frescos, porque não temos espaço e se os guardássemos deixariam de ser frescos”.

Os avisos, que começam a contemplar o racionamento de alimentos, são parte das preocupações das empresas ligadas a este setor. As companhias dizem estar sobrecarregadas pela incerteza do negócio no país, que no passado já foi considerado a face da estabilidade política e económica da zona ocidental.

De acordo com a Reuters, a última vez que as cadeias de supermercados foram severamente afetadas foi há quase duas décadas quando se registaram protestos por causa do preço dos combustíveis serem demasiado elevados. Estes protestos provocaram o pânico e forçaram alguns supermercados a racionar diversos alimentos como leite e pão. Ainda que os executivos de algumas cadeias do ramo alimentar afirmem que o Reino Unido está preparado para uma crise também explicam que existe a possibilidade que esta dure mais tempo e atinja mais supermercados.

James Bielby, diretor da federação dos distribuidores grossistas, confirma que os grandes retalhistas estão a pedir entre “uma a oito semanas de material extra”, embora o espaço de armazenamento seja limitado e a indústria funcione em uma base diferente.

O Reino Unido importa grande parte da sua comida por via aérea, que entra no país por Dover, o maior porto de ligação com a Europa. Segundo o consórcio de retalho britânico, a maioria das frutas cítricas e 90% das alfaces presentes no país são provenientes da União Europeia.

Caso a Grã-Bretanha abandone a UE sem acordo comercial, vai guiar-se pelas regras da Organização Mundial do Comércio onde está estipulado que têm de ser pagas tarifas e que os documentos têm de estar todos corretos, exigências que não existem, atualmente para produtos da UE. “Ainda que as pessoas digam que vão comer mais produtos britânicos, acho que não ficariam satisfeitos por comer imenso alho-francês” afirma um executivo de um dos maiores supermercados de Inglaterra, que pediu anonimato à agência Reuters. O executivo afirmou ainda que “temos de nos preparar para o pior”.

Estas mudanças e a incerteza da importação pode levar os produtos a aumentar exponencialmente o seu preço de revenda. Dominic Goudie, responsável por exportações e trocas, confirmou à Reuters que existe uma grande probabilidade de os preços aumentarem, independentemente do resultado do acordo comercial.

 

 

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