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Bruxelas ”esperava mais” dos primeiros relatórios do combate à desinformação na UE

Tina Zournatzi apresentou dados relativos ao plano de ação desenhado pela UE, e referiu que 83% dos europeus pensam que as ‘fake news’ são uma ameaça para a democracia. Já 73% dos utilizadores online afirmam que estão preocupados com a desinformação durante a época das eleições.
21 Fevereiro 2019, 17h40

A chefe da Unidade de Comunicação Estratégica da Comissão Europeia, Tina Zournatzi, admitiu hoje que “esperava mais” dos primeiros relatórios das plataformas que aderiram ao código de conduta contra a desinformação concebido pela União Europeia (UE). “Não ficámos particularmente entusiasmados com os relatórios”, admitiu.

Os dados foram apresentados esta quinta feira, durante  uma conferência organizada pela agência Lusa, em parceria com a congénere espanhola Efe, sobre “O Combate às Fake News – Uma questão democrática”, no painel “O Combate às Fake News – Prevenção e Reação”.

A especialista grega, que apresentou dados relativos ao plano de ação desenhado pela UE, realçou que 83% dos europeus pensam que as fake news são uma ameaça para a democracia, enquanto 73% dos utilizadores online afirmam que estão preocupados com a desinformação durante a época das eleições. A oradora referiu ainda que “apenas 3% dos russos acreditam que Moscovo é responsável pelo envenenamento dos Skripal”, numa referência ao caso do ex-espião russo e da filha, Yulia, que foram atacados no Reino Unido, em 2018, numa ação que Londres atribuiu aos serviços secretos russos.

Para além de referir, como exemplo, que o Reino Unido foi um grande alvo deste tipo de notícias – face ao Brexit – Tina Zournatzi refere que a própria UE não tem sido ”imune à desinformação”, sublinhando que ”temos sido vítimas durante anos”.

Zournatzi salientou que o código de conduta que a Comissão Europeia implementou para combater a desinformação foi assinado por algumas empresas de publicidade, bem como pelo Facebook, Google, Mozilla e Twitter.

“Esta é a primeira vez, globalmente, que a indústria consente de forma voluntária criar  critérios de autorregulação para combater a desinformação”, referiu. ”Também concordaram em apresentar relatórios de progressos todos os meses até às eleições europeias, e depois disso, anualmente”, vincou. As eleições europeias estão agendadas para decorrer entre 23 a 26 de maio.

Durante o painel, que contou com a participação de Marjory Van Den Broeke, porta voz do Parlamento Europeu e responsável pela ”Fake News Unit”, a chefe da unidade da Comissão Europeia referiu que este código de conduta tem como objetivo aumentar a detenção, a análise e exposição da desinformação, mobilizar o setor privado para atacar este fenómeno, uma cooperação e respostas mais fortes contra as ‘fake news’, e ainda aumentar a consciência e a resiliência social.

A encerrar a sessão, o presidente da Assembleia da República Eduardo Ferro Rodrigues subiu ao palco e sublinhou que a questão das fake news ”trata-se mesmo de uma questão democrática”, salientando que a AR está ”preocupada com todas as tentativas de interferir no regular funcionamento das instituições democráticas”.

“Estou convencido que será possível obter um consenso entre todas as forças políticas para que sejam aprovadas as medidas e os meios que se mostrem necessários para um eficaz combate à desinformação”, afirmou, referindo que a intervenção do Estado em matérias que podem contender com a liberdade de expressão e de imprensa é ”sempre delicada”.

O presidente da Assembleia da República fez referência aos relatórios e recomendações da União Europeia e de outras organizações que “atestam a preocupação mundial por este fenómeno” e que fazem diagnóstico que deve servir como base de trabalho para todos.

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