Eu prefiro a outra face que esta frase deixa escondida – cada Governante tem o Povo que merece…
Num determinado País houve uma eleição para um órgão autárquico.
Um dos candidatos que concorria tinha no seu bonito cadastro uma condenação com pena efectiva de dois anos de prisão, pela prática de 3 crimes de fraude fiscal e 1 de branqueamento de capitais. Branquear capitais é por definição lavar dinheirinho que foi obtido de forma ilícita, isto é, violando a Lei – ao que parece, recebia dinheiro em envelopes entregues no seu gabinete da Câmara, para licenciar loteamentos, construções ou permutas de terrenos.
Esse candidato, num universo de 82.265 votantes, conseguiu convencer 41,61% a votarem nele, ou seja, qualquer coisa como 34.264 pessoas naquela eleição entenderam que este sujeito merecia um mandato de confiança, para governar os destinos da terrinha onde vivem.
Se não soubessem em que lugar isto aconteceu, seriam rápidos a dizer – só no 3º Mundo ( e se calhar até foi…).
Mas três perguntas colocam-se:
– os eleitores não sabiam em quem estavam a votar;
– o candidato soube enganar muito bem os eleitores;
– os eleitores naquele sítio têm um QI abaixo da média e gostam de ser roubados.
Ora, o acontecimento foi amplamente noticiado em imprensa escrita, TV e redes sociais. Só quem não vivia no Pais é que podia alegar desconhecimento. Principalmente e porque os votantes viviam na terra onde o candidato foi eleito, é impossível dizer que não sabiam em quem votavam. Eles sabiam em quem votavam.
Por outro lado, “Pode-se enganar a todos por algum tempo; pode-se enganar alguns por todo o tempo; mas não se pode enganar a todos todo o tempo…” (Abraham Lincoln), portanto, o candidato que até foi apanhado nos crimes que cometeu, não podia ter engenho para enganar a maioria da população. 34.264 pessoas disseram “és um criminoso, mas nós gostamos tanto que pedimos para o voltares a ser”. Ele não enganou os eleitores.
Só fica a última opção. Aquela que me leva a pensar que Oeiras tem um criminoso à frente dos seus destinos e 41,65% de munícipes dispostos a fazer o mesmo.
Não é de ter pena dos Governados.
Com cidadãos destes é de ter pena do Governante.