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Cadeia de valor da Airbus em Portugal ascendeu a 200 milhões de euros entre 2013 e 2018

O Grupo Airbus mantém mil empregos em Portugal, apoia projetos de inovação e tem vindo a preparar a nova fábrica da STELIA em Santo Tirso, onde deverá empregar 300 trabalhadores em 2023.
REUTERS/Michael
7 Outubro 2020, 09h00

Quase metade dos fornecedores portugueses do sector aeronáutico “encontram-se na cadeia de valor do Grupo Airbus, que representou cerca de 65 milhões de euros em 2019 e entre 2013 e 2018 ascendeu a cerca de 200 milhões de euros, segundo dados da Airbus, mantendo um total de mil empregos em Portugal, apoiando as empresas portuguesas em diversos projetos de inovação, como são os casos dos projetos PASSARO e Horizon 2020 SATIE”, referiu o responsável da Airbus, Cesar Sanchez Lopez no “AED Days”. Neste enquadramento, a Airbus tem vindo a preparar a nova fábrica da STELIA em Santo Tirso, onde deverá empregar 300 trabalhadores em 2023.

A Airbus reconhece igualmente que mantém o interesse em “continuar a contribuir para o desenvolvimento do ecossistema português que criou equipas com empresas, universidades e instituições portuguesas”. “A STELIA Aerospace, uma subsidiária totalmente detida pela Airbus continua a sua transformação necessária às exigência de produção fabril em Santo Tirso, que é o maior investimento feito em Portugal neste sector, desde 2008”, refere e Airbus.

“Esta nova entidade, criada em 2019, complementará o sistema industrial coerente e integrado da STELIA Aerospace, concebido para assegurar a competitividade do grupo a longo prazo”, adianta. A STELIA, que é o segmento fabril onde o Grupo Airbus produz aeroestruturas, investiu mais de 40 milhões de euros na linha de montagem localizada perto do Porto, onde serão criados cerca de 300 empregos, quando estiver concluído o reforço da sua atual configuração, segundo informações da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP).

Assim, a fábrica de Santo Tirso tratará da ‘assemblagem’ de subconjuntos de estruturas aeronáuticas, sendo em seguida exportadas para as fábricas francesas da STELIA em Méaulte e Rochefort. Esta unidade deve atingir a velocidade cruzeiro em 2023, o que coincide com o ano de possível retoma do crescimento do tráfego aéreo, segundo a Airbus.

A escolha de Portugal para este investimento deve-se, segundo a Airbus, à relevante experiência portuguesa no setor aeronáutico, mas também à disponibilidade de talento, e à facilidade dos fluxos logísticos com as unidades francesas. A STELIA, criada em 2015, passou a ter cinco unidades fabris em França e oito filiais em diversas geografias, designadamente, duas em França, duas em Marrocos, uma na Tunísia e duas na América do Norte e uma em Portugal, sendo uma das empresas líderes mundiais no campo das infraestruturas aeronáuticas, assentos de piloto e assentos de passageiros das classes de topo.

Unidade de Santo Tirso especialista no A350 e na família A320
A empresa também fabrica secções de fuselagem dianteiras para os aviões do Grupo Airbus, bem como secções de fuselagem e subconjuntos para a Airbus, asas para os aviões ATR e componentes para a Boeing, Bombardier, Embraer e Northrop-Grumman. A unidade de Santo Tirso especializa-se na montagem de estruturas aeronáuticas para o A350 e para a família A320 da Airbus.

A operação perto do Porto arranca num edifício provisório e deve passar para uma nave industrial definitiva em 2021, aumentando a cadência de produção até 2023, ficando-se pelos cerca de 100 trabalhadores em 2020, aumentando depois as contratações até aos 300 trabalhadores em 2023. O grupo STELIA Aerospace teve um volume de negócios de 2,4 mil milhões de euros, obtido com 7.100 colaboradores. A maioria, 4.500, estão em França e 2.600 trabalham na América do Norte, Tunísia e Marrocos.

As poltronas fabricadas pela STELIA para a primeira classe e classe executiva equipam os Boeing e os Airbus de companhias como a Air France, Iberia, Virgin Atlantic, Turkish Airlines, Etihad, Singapore Airlines, Thai Airways, Vietnam Airlines, Air Mauritius, China Airlines, Asiana Airlines, entre outras.

Helicóptero H145M é o mais adequado a Portugal, diz a Airbus
Refira-se ainda que o segmento dos helicópteros da Airbus cria valor em muitas capacidades operacionais, em programas associados e a uma utilização dual em missões civis e militares. Os investimentos da aeronáutica e da Defesa também criam valor na Investigação, na indústria e na inovação. Ao nível dos produtos, é o caso do helicóptero H145M, destinado a utilizações duais, civis e militares, pois possui uma plataforma flexível, adequada a todas as missões que possam ser realizadas em Portugal, segundo a Airbus.

“No atual contexto, sem precedentes, ainda é muito cedo para avançarmos com uma nova previsão” para a retoma do tráfego aéreo, refere a Airbus, adiantando que “a análise do enquadramento do mercado global e o feedback direto dos clientes espalhados pelo mundo considera expectável que a crise vá além de 2021, não sendo de esperar que o tráfego aéreo recupere para níveis anteriores aos da pandemia de Covi-19 antes de 2023, na melhor das hipóteses, sendo possível que isso só aconteça a partir de 2025”

“O comércio internacional será sempre condicionado pela evolução dos casos de Covid-19 e pela implementação de medidas reforçadas que controlem os efeitos da pandemia, o que será mais relevante se as consequências na indústria aeronáutica forem mais gravosas”, refere a Airbus.

Airbus cortou produção em cerca de 40%
“Já cortámos a nossa produção em cerca de 40%, relativamente aos planos anteriores à pandemia de Covid-19”, adianta o responsável da Airbus, Cesar Sanchez Lopez, reconhecendo que “há muitas incertezas à nossa frente e os indicadores da IATA recentemente divulgados sobre o tráfego aéreo global mostram que a recuperação é extremamente frágil, com os números sobre os passageiros 80% abaixo dos níveis registados no ano passado e a capacidade 70% abaixo dos níveis de 2019”.

Load factor “continua a ser preocupante”
“É encorajador ver o regresso de alguns aviões no ar, mas a média dos load factor (a taxa de ocupação dos aviões) continua a ser preocupante”, diz Cesar Sanchez Lopez. “O tráfego aéreo doméstico começa a melhorar gradualmente, por exemplo, na China, o tráfego aéreo doméstico praticamente atingiu os níveis anteriores à pandemia, mas o tráfego internacional, principalmente operado pelos aviões widebodies, continuará a manter-se fraco durante muito tempo e não recuperará para níveis pré-Covid-19 por muitos anos”.

“Estamos confiantes em que o tráfego aéreo retomará o crescimento, mas é prematuro estar a prever com rigor a velocidade de crescimento deste mercado”, adianta o gestor. Em Portugal, a Airbus integrou 10 grandes companhias na sua cadeia global de fornecedores. Na aviação comercial integra a TAP, a Hifly, a Sata e a Omni Aviation; nos helicópteros integra a HeliBravo, a HeliPortugal; na rede de comunicações por satélite integra a Terra-SAR Imagery, através da EMSA MIL SATCOM Terminals; no tráfego marítimo costeiro integra a CVTS – Coastal Vessel Traffic Management System; enquanto a Força Aérea Portuguesa opera 12 aeronaves C-295.

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