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Câmara de Comércio de Sotavento suspende missão empresarial a Portugal

Em causa está a recusa de vistos para participar neste tipo de viagens ao país. A polémica surge na semana em que acontece a cimeira Cabo Verde-Portugal, em Lisboa.
13 Abril 2019, 12h55

A Câmara de Comércio, Indústria e Serviços de Sotavento (CCIS) suspendeu a missão empresarial a Portugal. O motivo, segundo o presidente da CCIS, é a constante recusa de vistos dos associados para participar neste tipo de viagens ao país. A gota de água que fez perder a paciência do conselho diretivo da CCIS foi a nega na obtenção de visto a três empresários cabo-verdianos, de um grupo de 10, para participar da SISAB, a maior feira de negócios para o setor de alimentos e bebidas em Portugal.

“A nossa paciência esgotou-se e por isso nós já dissemos claramente que não vamos implementar qualquer missão empresarial a Portugal até que está situação fique clara”, explicou Jorge Spencer Lima à imprensa. O dirigente desta entidade adiantou ainda que os seus associados “têm vindo a pedir ajuda e a reclamar”. “Vamos desencorajá-los e aconselhá-los a comprar noutro lado, uma vez que o dinheiro é o mesmo e o custo é o mesmo”, frisou.

Apesar das boas relações entre os dois países, uma vez que Portugal é principal parceiro de Cabo Verde e o destino mais procurado pelas missões empresárias cabo-verdianas (contribui com quase 43% das importações e ocupa o segundo lugar no ranking dos clientes do arquipélago ao nível das exportações), Jorge Spencer Lima fala em “injúria” da parte do Centro Comum de Vistos, que sistematicamente tem sido recusado visto sem qualquer explicação: “Esta facilidade não compensa com a injúria que os empresários são sujeitos e as dificuldades para abstenção de visto para Portugal”.

“Se não se resolver esta questão é melhor sair da CPLP”

Para Jorge Spencer Lima, o problema do visto só pode ser ultrapassado com a resolução da mobilidade dentro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), porque considera não fazer sentido fazer parte de uma organização na qual os membros “não possam circular de um lado para outro”.

“Se não se resolver esta questão do visto é melhor que Cabo Verde saia da CPLP”, defende, acrescentando que é igualmente problemático “continuar com uma organização para apenas para debater questões de política diplomática”. “Isso é gastar dinheiro do povo, e se os políticos não estão interessados que parem de brincar e de falar de um mundo português”, argumentou.

Centro Comum de Vistos prepara resposta à CCIS

A polémica surge na semana em que acontece a cimeira Cabo Verde-Portugal, em Lisboa. O desagrado da Câmara de Comércio de Sotavento foi manifestado à embaixadora de Portugal em Cabo Verde, Helena Paiva, e ao delegado da AICEP, Jorge Salvador, numa carta enviada no passado dia 1 de abril.

Sobre este assunto, a responsável pelo Centro Comum de Vistos diz que está a ser preparada uma resposta à missiva carta. Filipa Ponces estranha que este assunto esteja a ser debatido na comunicação social quando a carta foi dirigida a duas entidades.  A diplomata portuguesa explica que o acordo de facilitação de vistos, assinado entre Cabo Verde a União Europeia, em dezembro de 2014, só permite que determinadas categorias tenham atendimento “facilitado” e assegura que os empresários cujos vistos foram recusados não cumpriam os requisitos exigidos.

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