O presidente da Câmara dos Deputados do Brasil alertou na quarta-feira que o país está mergulhado numa “espiral de erros” no combate à covid-19 e que isso pode levar a “remédios políticos” “amargos” e “fatais”.
Sem citar diretamente a gestão do Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, Arthur Lira disse preferir “que as atuais anomalias se curem por si mesmas, fruto da autocrítica, do instinto de sobrevivência, da sabedoria, da inteligência emocional e da capacidade política”.
Para Lira, que falou depois de o Brasil ter ultrapassado as 300 mil mortes devido à covid-19, “acendeu-se uma luz amarela” na Câmara dos Deputados por “erros primários, desnecessários e inúteis”.
Embora o responsável não tenha feito essa referência, a imprensa política brasileira lembrou que existem cerca de 70 pedidos de destituição contra Bolsonaro, principalmente devido à gestão errática da pandemia. Estes pedidos ainda não foram analisados pelo presidente da Câmara dos Deputados, a quem compete iniciar o juízo.
Lira indicou que se dirigia a “todos aqueles que lideram órgãos diretamente implicados no combate à pandemia, que são o Governo Federal, os executivos estaduais e municipais”, porque “não seria justo descarregar toda a culpa no Executivo ou no Presidente”.
Apesar de vários governadores e prefeitos tentarem travar a disseminação do vírus através da implementação de medidas restritivas, criticadas por Bolsonaro e sem aplicação a nível nacional, ao contrário do que aconteceu em outros países.
Ainda assim, o presidente da Câmara dos Deputados frisou que “muitas vezes” o Congresso se vê na obrigação de aplicar “remédios políticos” que podem ser “amargos, fatais e necessários”, quando “uma espiral de erros adota uma escala geométrica incontrolável”.
Lira afirmou que o momento exige “ter a sensibilidade de que a crise é grave, que a solidariedade deve ser grande e que tudo tem limites”, ultrapassados “quando não se cumpre o mínimo de sensatez em relação ao povo”.
O discurso, lido virtualmente perante o plenário da Câmara dos Deputados, ocorreu depois de uma reunião convocada por Bolsonaro e à qual assistiram Lira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, o líder do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, entre outras autoridades.
Naquela reunião, Bolsonaro moderou o negacionismo em relação à covid-19 e anunciou a criação de um “comité nacional” formado por membros do executivo, parlamento e governos regionais para traçar estratégias contra a pandemia que, mais de um ano depois, continua descontrolada no país.
O Brasil registou 300.685 mortos e 12.220.011 casos de covid-19 desde o início da pandemia, sendo o segundo país do mundo mais afetado pela pandemia, depois dos Estados Unidos.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.735.411 mortos no mundo, resultantes de mais de 124,1 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.794 pessoas dos 818.212 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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